O Banco Randon é uma das poucas empresas caxienses que já trabalha com o recém criado benefício do Governo Federal, o Vale-Cultura. Dos 39 funcionários, 27 são beneficiados. O número pode ser considerado alto se comparado com o total da cidade. Aqui, apenas quatro empresas tem cadastro aprovado junto ao Ministério da Cultura (MinC), num total de 65 funcionários beneficiados.
O vale consiste em um cartão magnético pré-pago com crédito de R$ 50 reais distribuído a trabalhadores que recebem até cinco salários mínimos. Ele será aceito para entradas de teatro, cinema, museus, espetáculos, shows, circo ou mesmo comprar ou alugar CDs, DVDs, livros, revistas, jornais, entre outros.
O uso do Vale-Cultura é facultativo tanto por parte da empresa quanto do trabalhador. Para estimular a adesão das empresas, o Governo Federal estipulou que aquelas de lucro real podem abater no imposto de renda até 1% do imposto devido. As baseadas no lucro presumido ou Simples também podem participar, mas não podem deduzir impostos.
Já para o trabalhador que recebe o benefício, o desconto na remuneração varia de R$ 2 a R$ 5, dependendo da faixa salarial. Para os empregados que ganham acima dessa faixa, o desconto varia de 20% a 90% do valor do benefício, ou seja, pode chegar a R$ 45.
A fabricação e distribuição dos cartões fica por conta das empresas contratadas para o serviço. A taxa de administração cobrada pela operadora dos estabelecimentos e empresas beneficiárias não poderá ultrapassar a marca dos 6%.
Desde que o tema tem sido trabalhado pelo MinC os sindicatos de trabalhadores tem levado o assunto à pauta de convenções coletivas. Foi isso que aconteceu com o Banco Randon. O acordo coletivo do Sindicato dos Bancários determinou que as empresas do setor se cadastrassem. De acordo com a contadora do Banco, Deise Misturini, a maior dificuldade no início foi encontrar uma operadora que prestasse o serviço.
Ela revela que com o vale o Banco tem um gasto extra de R$ 1.350,00. Além disso, a operadora cobra uma taxa de R$ 2,50 mensal por funcionário, o que acarreta em um custo final de R$ 1.417,00 mensais.
- Isso porque nós temos poucos funcionários, para uma empresa maior, o custo é bem maior também - enfatiza.
Deise ainda relata que a primeira funcionária que tentou usar o Vale-Cultura encontrou o mercado despreparado. A trabalhadora precisou insistir para poder usufruir do benefício.
- Quando ela perguntou pelo cartão, a loja não sabia da existência. Ela teve que ser insistente. Tiveram outros colegas que procuraram, e vieram me dizer que ninguém aceita. Não adianta o funcionário ter o benefício e não poder usar - relata.
Uma das empresas do ramo cultural que já aceita o vale é a Livraria Saraiva. A loja trabalha com o cartão desde janeiro. A gerente da loja de Caxias do Sul, Adriana Rocha Leme, vê a aderência de modo positivo, mas percebe, por meio de comentários dos clientes, que é uma das pioneiras.
- As pessoas vem até nós e a gente vê que somos um dos únicos lugares em Caxias que aceita. Estamos tendo bastante procura - relata.
Adriana ainda conta que não há como medir ainda o lucro proveniente do Vale-Cultura em Caxias. Mas informa que em toda a rede, composta por 112 lojas, a receita em fevereiro foi de cerca de R$ 1 milhão a mais.
- Com certeza tem potencial para aumentar as vendas. São pessoas que não teria acesso aos produtos - opina.
Ainda não emplacou
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