Idealizadores da Barragem do Marrecas, em Vila Seca, o ex-prefeito de Caxias do Sul José Ivo Sartori (PMDB) e o ex-diretor do Samae, engenheiro Marcus Vinicius Caberlon, evitam questionamentos detalhados sobre os vazamentos na represa.
Sartori se limitou a classificar os defeitos como problemas técnicos que devem ser tratados pela atual administração. Mas ao contrário do que se esperava, o peemedebista e Caberlon optaram por não falar abertamente sobre os problemas constatados na obra concebida sob a gestão deles.
Sartori e Caberlon ostentavam o Sistema Marrecas como o maior investimento da história recente do município - já custou quase R$ 300 milhões. O projeto inclusive embalou a campanha para a reeleição do peemedebista, em 2008, e a eleição de Alceu Barbosa Velho (PDT), vice durante seis anos. Sartori é potencial candidato ao governo do Estado. Caberlon, por sua vez, se manteve oito anos à frente da autarquia principalmente com a missão de concluir o empreendimento.
No início do primeiro semestre de 2013, poucos meses após a inauguração da represa (inacabada) pela presidente Dilma Rousseff, os vazamentos surgiram. Desde então, duplicaram.
Procurado duas vezes pela reportagem, o ex-prefeito declarou apenas que as infiltrações e vazamentos na represa são problemas de ordem técnica e como tal devem ser solucionados pela atual diretoria do Samae. Ele aprova as cobranças de Alceu aos construtores e projetistas da barragem e diz acompanhar a polêmica por meio da imprensa.
- A atual gestão está certa em adotar essa postura - resume.
Sartori disse ainda que caberia a Caberlon opinar tecnicamente. O ex-diretor do Samae não atendeu a 10 telefonemas do Pioneiro em dias distintos. Só depois de tanta insistência, ele respondeu ao jornal por e-mail.
O engenheiro alega estar com problema na corda vocal, o que torna difícil falar ao telefone. Reiterou que Alceu e o atual diretor do Samae, Edio Elói Frizzo, estão corretos em exigir laudos e soluções para os vazamentos externos e nas galerias de drenagem da represa.
Caberlon esteve na barragem na semana passada e sugeriu a Frizzo que não seria prudente sanar as infiltrações com o esvaziamento da lagoa sob o risco de acarretar novos defeitos.
- Tenho acompanhado o assunto pelo jornal e entendo que a posição da administração do Dr. Alceu está correta, agindo de forma segura para defender os interesses da cidade. Minha opinião pessoal sobre o assunto já externei ao Frizzo quando estive visitando a obra - escreveu Caberlon, que não respondeu a outras perguntas encaminhadas posteriormente pelo Pioneiro por e-mail.
Na próxima semana, Frizzo e o engenheiro do Samae Gerson Panarotto devem se reunir com representantes da STE Serviços Técnicos de Engenharia para repassar questionamentos a respeito da barragem.
A STE é uma empresa de Canoas contratada para fiscalizar a execução do projeto elaborado pela Holanda Engenharia, com sede no Rio de Janeiro, e construído pelo consórcio Fidens-Sanenco.
- Vamos exigir que a STE cobre explicações para a Holanda e que os motivos das infiltrações e os procedimentos para solucioná-las estejam oficializadas em um documento - adianta Frizzo.
Defeitos na represa
Ex-prefeito José Ivo Sartori, de Caxias do Sul, evita questionamentos sobre vazamentos no Marrecas
Mas ele e o ex-diretor do Samae, Marcus Caberlon, aprovam cobranças da atual administração
Adriano Duarte
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