Pietra não fala, não se locomove, não enxerga e depende de uma série de medicamentos para viver. Ela é assim desde o nascimento por conta de uma doença neurológica rara e complexa conhecida como holoprosencefalia alobar _ quando o cérebro não se desenvolve corretamente e provoca danos irreversíveis. Crianças com problemas semelhantes sobrevivem poucos meses. Pietra prova ao contrário. Sua força é tão espantosa quanto à dedicação de sua família.
Emocione-se com a história de Pietra:
Recém-nascida, ela foi entregue para a adoção ainda no hospital em Caxias do Sul. Diante das circunstâncias, a chance de acolhimento em um lar era praticamente nula. Afinal, assumir uma criança que depende de cuidados 24 horas requer coragem.
Mas havia um casal disposto a recebê-la. Na época, Raquel, 38, e Rodrigo, 42, pretendiam adotar uma criança. Queriam aumentar a prole constituída pelos filhos biológicos Luiza, 17, Isabela, 15, e Francisco, 12. Os Bettoni cruzaram o caminho da menina por meio de conhecidos, uma aproximação muitas vezes atribuída à providência.
A menina passou os primeiros meses em leitos hospitalares sob a supervisão da equipe médica e de uma funcionária do abrigo. Raquel ia visitá-la periodicamente. Em 50 dias, realizou oito cirurgias - eles perderam a conta do número total desde então. Com o tempo, a mulher passou a ter a companhia de Rodrigo, dos filhos e outros familiares. Antes de Pietra entrar definitivamente na vida dos Bettoni, o casal adotou Bernardo, que tem a mesma idade da garota.
- O Bernardo foi uma benção e daí percebemos que não havia como a gente se separar da Pietra e optamos pela adoção também - conta Rodrigo.
A fragilidade da criança também exigiu superação. Pais e filhos adolescentes se viram obrigados a deixar a zona de conforto. Havia muito a aprender e tarefas para compartilhar. Essa mudança obviamente fortaleceu a família para novos desafios. Raquel e Rodrigo temiam a perda anunciada, mas aprenderam a controlar o sentimento.
- No hospital nos diziam que ela poderia partir a qualquer momento, o que não aconteceu. Quem pode dizer então o quanto alguém vai durar? Se a Pietra está aqui é por um pedido de Deus - ressalta Raquel.
Adoção
Pietra fortaleceu o cotidiano da família Bettoni, em Caxias do Sul
Menina tem grave doença neurológica que requer cuidados ininterruptos
Adriano Duarte
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