Unhas dos pés e mãos pintadas de azul, sapatilha tigrada, coroas e faixas de concursos de beleza. O look é completado com terninho vermelho costurado com cetim e renda, alisado vez em quando para não amassar. De pernas cruzadas em postura impecável, Marina Vecini Tessari troca o traje social pelo uniforme da Escola São José. Afinal, ela tem nove anos e cursa a terceira série em Flores da Cunha.
- É difícil encontrar trajes assim, mais sociais, para o tamanho dela. Por isso, mandamos costurar - explica a mãe, a advogada Vivian Vecini.
A vaidade e o empenho de Marina já renderam quatro títulos de beleza. A loirinha de olhos verdes foi descoberta por uma promotora de concursos quando frequentava um curso de manequim.
- Me preparo o ano inteiro para isso. Minha mãe me ajuda a ensaiar e a treinar o que devo dizer aos jurados. É bem bom - define a modelo.
Além da taxa de inscrição, o investimento para participar de um concurso mirim chega a R$ 6 mil.
- O que eu mais gosto de fazer é concorrer a miss, cuidar das minhas coroas, desfilar e conhecer novos concursos - descreve.
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Como qualquer candidato e candidata de concurso de beleza, Marina é extremamente vaidosa. A diferença, porém, é que Marina ainda é uma criança de nove anos. A psicanalista Rosita Esteves, professora do curso de Psicologia da UCS, explica que a vaidade não é característica natural do ser humano, principalmente na infância. Precisa de uma razão ou motivação para ser aprendida e acrescida à personalidade. No caso de concursos de beleza, pode ser prejudicial à formação da criança.
- As empresas de concursos de beleza oferecem o sonho de ganhar um título e se aproveitam da nossa cultura de admiração do corpo para formar uma indústria, e os pais acabam se envolvendo _ pontua.
Rosita entende que quando a criança passa a valorizar a estética de forma intensa e pula a etapa de brincadeiras e fantasias, pode despertar precocemente para o universo da sexualidade.
Estética
Aos nove anos, Marina acumula quatro títulos de beleza
De acordo com psicanalista, exposição em concursos de beleza pode ser prejudicial à formação das crianças
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