A mobilização da sociedade em torno do tema violência contra a mulher é, para a Secretária de Políticas Públicas para as Mulheres do Rio Grande do Sul, Ariane Chagas Leitão, o maior avanço trazido pela Lei Maria da Penha, implementada há exatos sete anos.
- Não existe mais a banalização da violência contra a mulher. Não é mais crime de menor potencial ofensivo que antes era resolvido com cesta básica. O agressor passou a ser punido e a lei exige uma ação articulada e conjunta dos órgãos governamentais que proteja essas mulheres _ afirma.
Porém, é justamente na articulação entre os poderes que constituem a rede de proteção da mulher que se encontra também o maior desafio.
A criação de um juizado especializado para mulheres em Caxias do Sul e a integração dos órgãos que constituem a rede de proteção à mulher é defendido pela delegada, Carolina Valentini Tomiello, medida que fortaleceria o atendimento das mulheres vítimas de violência e agilizaria o trâmite dos processos judiciais.
Em Caxias do Sul, a Delegacia para Mulheres registrou 5.305 ocorrências em 2012. Em 2013, já são 3.384.
Já o Centro de Referência para Mulher, que faz o acolhimento às vítimas e as encaminha para os atendimentos da rede, recebeu 2.226 mulheres em 2012 e 1.052 em 2013.
- Quase nunca o rompimento da relação com o agressor se dá na primeira tentativa. A maioria se afasta por algum tempo, mas retoma o relacionamento e as agressões recomeçam, até essa mulher estar pronta para romper o ciclo. Quanto menos perspectivas de apoio, pior fica, como para aquelas que vêm do interior e não têm família aqui - explica a psicóloga do local, Thais Bampi.
Foi somente depois de 18 anos de agressões que Suzana conseguiu romper o ciclo de violência e se separar do marido.Nos finais de semana, impulsionado pela bebida, o marido partia para as agressões físicas e verbais. Na segunda-feira, o arrependimento e a promessa de que seria a última vez.
- Ele me chamava de imprestável, dizia que eu era um zero à esquerda, que se tinha comida na mesa era porque ele colocava. Com o tempo, eu comecei a acreditar no que ele me dizia. Minha auto-estima estava baixa. Me sentia culpada e com vergonha de apanhar - relata.
Violência contra a Mulher
Delegacia da Mulher de Caxias do Sul registra mais de três mil ocorrências em 2013
Lei Maria da Penha completa sete anos nesta quarta-feira
GZH faz parte do The Trust Project