Grandes quantias de material seletivo separado em Caxias do Sul são rejeitadas pelas cooperativas e vão parar no aterro sanitário Rincão das Flores, no Apanhador. Das 90 toneladas de resíduos encaminhadas diariamente pela Codeca, pouco mais da metade é aproveitada pelas sete associações de reciclagem conveniadas à prefeitura e empresas apoiadoras. Obviamente, há lixo orgânico misturado ao seletivo. Só que muita matéria-prima é desprezada por falta de interesse do comércio, problema que boa parte da população desconhece.
Fator que influencia é o preço irrisório oferecido pelos atravessadores, o que desestimula os recicladores. Na lista da rejeição estão incluídas embalagens de salgadinho, copinhos de café e água, isopor, borracha, embalagem de plástico para bolo e tampa de computador ou TV. Convém lembrar que a população frequentemente é orientada a separar esses produtos. Mas como as cooperativas não conseguem repassá-los adiante, o destino final é o lixo. Na prática, há muito material sendo separado em vão.
Além de buscar o melhor preço, as cooperativas também precisam produzir muito para garantir o ganha pão. Em média, os recicladores têm mais de 30 itens diferentes para classificar a cada carga entregue pela Codeca. Por esse motivo, a meta dos trabalhadores é reunir, no menor tempo possível, produtos com bom valor de revenda como é o caso de garrafas PET. Caso contrário, o esforço terá pouco retorno financeiro, o que inviabiliza a estrutura da reciclagem.
Representante da associação Vida Nova, Gilmar Carvalho diz que os recicladores não têm outra opção. Ele cita, por exemplo, a dificuldade em relação a aparas de revistas, encartes, folhetos de propaganda, sobras de aparas coloridas de gráficas e resíduos de papeis tipográficos. O preço médio oferecido pelos atravessadores é muito baixo: R$ 0,04 centavos ao quilo.
- Quanto eu teria que trabalhar para conseguir 10 toneladas? Um trabalhador ficaria todo mês juntando e ainda assim não teria juntado o suficiente para pagar o próprio salário - calcula Carvalho.
Convém lembrar que essa falha na cadeia da reciclagem não passa apenas pelo comércio e cooperativas. Se o processo de reaproveitamento for muito caro, as indústria não irá fazê-lo uma vez que certos procedimentos consomem muita energia e demandam alta tecnologia.
Se nem tudo que vai para a coleta seletiva é devidamente aproveitado por que continuar separando? O gerente do Departamento de Limpeza Urbana (DLU) de Caxias, Mauro Cavagnollo, defende:
- Sabemos dessas brechas, mas pedimos que a população faça sua parte, evitando misturar o orgânico com o seletivo. O que hoje não é usado pode ser aproveitado em algum momento.
SEPARE CORRETAMENTE
Plástico
Reciclável: embalagens PET (refrigerante, suco, óleo e vinagre, entre outros), copinhos de café e água, isopor, potes, tampas, embalagens de materiais de limpeza, canos e tubos de PVC, sacos plásticos, embalagens metalizadas (de biscoito, salgadinhos, sachês).
Não reciclável: tomadas e acrílicos, cabos de panela, adesivos, espumas.
Vidro
Reciclável: recipientes em geral, garrafas, copos e cacos de vidro (bem acondicionados em caixas e identificados).
Não reciclável: tubos de TV, espelhos, portas de vidro, boxes temperados, louças, cerâmicas, lente de óculos, tampa de forno e de micro-ondas.
Papel
Reciclável: jornais e revistas, envelopes, folha de fax e folhas de caderno, caixas de leite longa vida, cartazes velhos, caixas em geral
Não reciclável: papéis carbono, celofane, metalizado, parafinado e plastificado, etiqueta adesiva, fotografia, guardanapos.
Metal
Reciclável: latas de aço e alumínio, latas de refrigerante e cerveja, sucata (panelas sem cabo, arames, chapas, cobre, pregos), embalagem de vianda (recomenda-se sempre lavar antes de colocar no seletivo), tampinhas de garrafa, tubos de aerossóis e inseticidas.
Não reciclável: clipes, grampos e esponja de aço, latas de tinta, verniz e solvente químico.
Fonte: Codeca
Coleta seletiva
Nem todo material seletivo separado em Caxias do Sul é aproveitado pelas recicladoras e indústria
Muitos itens são dispensados no aterro sanitário
Adriano Duarte
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