As cooperativas de reciclagem são responsáveis por encaminhar o que boa parte da população separa em casa, mas padecem por problemas de infraestrutura em Caxias do Sul. Fortalecer esse setor evitaria que toneladas de papel, metal, plásticos e outros materiais fossem enterrados na natureza.
As deficiências não são recentes, assim como as promessas de melhorias. Só que o tema agora ganha mais atenção porque Caxias do Sul precisa elaborar e implementar a Política Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos, o que inclui o fortalecimento da cadeia produtiva de reciclagem. O prazo do governo federal se encerra no final do ano e abrange todos os municípios do país. Não se adequar pode dificultar o repasse de verbas federais para esta área.
Com renda média per capita que varia entre R$ 800 e R$ 1,3 mil, os trabalhadores de sete cooperativas de Caxias não têm condições de adquirir equipamentos modernos ou concluir reformas. Por esse motivo, reivindicam manutenção da rede elétrica nos pavilhões das reciclagens, ampliações, cobertura de silos, revisão de maquinários (prensas, esteiras e balanças) e aquisição de equipamentos de proteção individual.
Sem as melhorias, o segmento corre risco de perder ainda mais a capacidade produtiva. Os pedidos foram entregues no mês passado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego. Titular da pasta, Francisco Spiandorello diz que um comitê gestor está avaliando as demandas.
A comissão foi criada unicamente para fiscalizar e oferecer suporte permanente às associações. Inicialmente, a meta é sanar problemas na rede elétrica. No inverno, todas as associações precisam encerrar o expediente mais cedo porque a iluminação é precária. Caso da Vida Nova, no bairro Centenário II.
- Os nossos cooperados vão embora antes da cinco da tarde por falta de condições. Sem luz suficiente não tem como fazer a triagem do material - conta Gilmar Carvalho. Algumas associações lutam para buscar a independência.
Sem apelar a recursos públicos, a Clean, no bairro Reolon, está construindo um prédio de 120 metros quadrados para abrigar refeitório, banheiros, sala de reunião e escritório. A obra está orçada em R$ 30 mil e será paga com o rendimento da venda dos materiais recicláveis.
A cobertura do silo também será concluída com dinheiro da cooperativa. Os trabalhadores também têm ônibus próprio para transporte e uma empilhadeira. O plano reformar o pavilhão de madeira.
- Nossa meta é um dia não depender nem do alimento que recebemos. Vamos fazer conforme podemos, se não der paramos e retomamos no momento mais oportuno - orgulha-se o presidente da Clean, Adão da Silva, 47.
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