Parte das mulheres que trabalha no Centro Obstétrico, no berçário e nas UTIs neonatal e pediátrica do Hospital Pompéia não poderá comemorar o Dia das Mães em família neste domingo. Em função de sua profissão, terão de trocar a festa com seus filhos por mais um dia de plantão.
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para os 100 anos do Hospital Pompéia
Muitas delas, porém, nem imaginam o quanto sua presença no hospital será importante para outras mamães nesta data especial: para aquelas que darão à luz seus rebentos, para aquelas que tiveram de deixar seus bebês nas incubadoras, para aquelas que sofrem com seus pequenos internados nos leitos da UTI.
De plantão neste domingo, as irmãs Ivone Bortolon, 55 anos, e Claudete Marcolin, 51, estão entre as técnicas de enfermagem mais antigas do setor. Ivone começou a trabalhar no berçário no dia 3 de novembro de 1980. E nunca mais saiu.
- Eu nunca quis trabalhar em outro lugar que não fosse aqui. Cada pacientezinho que chega é especial. A gente agrupa carinho e atenção ao tratamento de saúde de cada um deles - descreve Ivone, mãe de Marina, 21.
A paixão da irmã pelo ofício acabou estimulando Claudete a seguir a mesma profissão e a escolher também cuidar dos pequenos no Pompéia a partir de 28 de janeiro de 1984.
- A gente desenvolve um dom, aprende a lidar com a sensibilidade das crianças, a conhecer o que estão sentindo apenas olhando nos olhinhos delas. A gente vê o bem que pode fazer aqui dentro e percebe que dá para fazer ainda mais. Não tem coisa melhor do que ouvir uma mãe dizer "eu vou para casa, mas que bom que posso deixar o meu filho aos teus cuidados" - revela Claudete, que tem Halisson, 24, e Vinicius,17.
Em tantos anos de profissão, não foram poucos os dias em que elas precisaram deixar os filhos em casa para se dedicar aos pequenos do hospital.
- A gente aprende a dividir, aprende a dar mais valor à vida, aos momentos que passamos com a família - afirma Ivone.
Por estarem diariamente ligadas às crianças, é impossível não criar vínculos. Claudete não esquece de Adriano, um paciente que ficou três anos na UTI pediátrica, precisando de um aparelho para respirar.
- Ele e os irmãos têm uma doença degenerativa. Todo ano a gente se reúne em caravana e vai até Salvador do Sul, onde a família mora, para matar a saudade, ver como eles estão. E é uma felicidade chegar lá e ver como estão felizes, o cuidado que aqueles pais têm com os filhos, a amizade que une todos eles - diz Claudete.
Foi essa fartura de emoções que atraiu a técnica em enfermagem Marlice Aparecida de Moraes, 28, mãe de Larissa, três, e João Vitor, um, ao setor, onde está há três anos.
- Amo de paixão isso aqui. É tão bom ver as crianças se recuperando, ver o primeiro contato delas, ainda muito frágeis, com as mães. Elas reconhecem o cheiro, a voz e ficam bem quietinhas, se aconchegando no colo... E para aqueles que foram deixados no hospital para adoção, tentamos fazer o máximo para suprir essa falta de amor, de carinho, de contato. Tentamos tornar a estada deles aqui o mais confortável possível - revela.
- E eles sentem esse carinho. A gente sempre brinca que as gurias vão deixar os pequenos mal-acostumados. Teve uma criança que ficou um ano aqui conosco. No final, todo mundo se apegou muito, mesmo aquelas que não tinham filhos acabaram se sentindo um pouco mães naquela época. Ficou uma saudade enorme quando ela foi embora. Mas eu não me imagino fazendo outra coisa - diz a enfermeira Mônica Forest Madeira, 32, mãe de Manuela, quatro, e há sete anos no Pompéia.
100 anos
Para as mães que trabalham no Hospital Pompéia, todo dia é Dia das Mães
Em função de sua profissão, algumas funcionárias terão de trocar a festa com seus filhos por mais um dia de plantão
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