Dentro de 100 dias, o Hospital Pompéia completará um século de vida. A instituição, que nasceu graças aos esforço de um grupo de mulheres da sociedade - as Damas de Caridade -, chega ao centenário com muitos motivos para celebrar.
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para os 100 anos do Hospital Pompéia
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O primeiro (e talvez o mais importante) é que nunca, em toda a sua existência, fechou as portas aos pacientes pobres. E por estar ao lado de quem depende exclusivamente da saúde pública, esse ilustre centenário enfrentou batalhas gigantescas. A inexperiência das religiosas e de alguns leigos para administrar um hospital do porte (e importância) que ele se tornou; o descredenciamento de diversos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS), na década de 1980, que abarrotou leitos e corredores Pompéia com pacientes de toda a região; a greve de 17 dias que atingiu quase 80% dos funcionários, em 1987; o endividamento astronômico, a ameação de encampação pelo Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (Inamps)...
Com o apoio da comunidade e a solidariedade de muitos anônimos, o hospital conseguiu se manter em pé e até crescer frente a essas dificuldades, coisa rara para instituições filantrópicas que dependem da parca remuneração oferecida pelo SUS em troca de serviços prestados.
O segundo motivo é que, mesmo destinando mais de 60% de sua capacidade a pacientes da rede pública, tornou-se referência em diagnóstico e tratamento para Caxias do Sul e outros 48 municípios da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde, onde vive uma população de mais de um milhão de pessoas.
Com um quadro de 1.385 funcionários e 738 médicos no corpo clínico, o hospital oferece serviços de ressonância magnética, tomografia, ecografia, ecocardiografia, e, em junho, passará a contar com um tomógrafo de 64 canais, especial para o diagnóstico de doenças coronarianas, tornando-se assim também referência na área de cardiologia na Serra. Com a instalação do Pet/CT, em agosto de 2010, o segundo no Rio Grande do Sul à época, começou a fazer exames para o diagnóstico precoce do câncer.
O hospital também se orgulha de realizar procedimentos de alta complexidade, como transplantes de rim e córneas, cirurgias cardíacas para implantação de marcapasso e ponte safena, neurocirurgias, cirurgias de coluna e reparação de membros. Em função da gama de especialidades, é para a emergência do Pompéia que são levados todos os politraumatizados em acidentes de trânsito, feridos por arma de fogo e esfaqueados. Por mês, são cerca de 900 atendimentos.
Em 100 anos, o Pompéia também se tornou uma instituição de ensino por excelência. Forma residentes todos os anos em oito áreas (cirurgia geral, clínica médica, traumato-ortopedia, neurocirurgia, radiologia, nefrologia, cardiologia e medicina intensiva) e em torno de 250 técnicos de enfermagem e de nutrição na escola profissionalizante.
O Pompéia também conta com o serviço de médico hospitalista, profissional contratado para atender, via SUS, a unidade de clínica médica. Com o serviço, o hospital conseguiu reduzir a média de permanência dos pacientes internados de 6,8 para 5 dias e diminuir o número de reinternações de pacientes com problemas crônicos.
Você sabia?
:: O Hospital Pompéia comemora 100 anos de fundação no dia 12 de agosto porque essa é a data de fundação da Associação Damas de Caridade, entidade que se mobilizou para conseguir recursos para a compra e manutenção de uma casa de saúde destinada a pacientes pobres de Caxias do Sul. Os grupo, formado por 25 senhoras, já vinha trabalhando junto há alguns anos para angariar recursos para a compra do altar-mor da Catedral Santa Tereza.
:: Conforme os estatutos, a entidade pertence à Igreja Católica, sendo regida pela legislação canônica e pela autoridade eclesiática.
:: Já o hospital é propriedade da Paróquia Santa Tereza, sendo subordinado à autoridade eclesiástica da Diocese de Caxias do Sul, na prática, o bispo. A administração inicial e os serviços de enfermagem ficaram sob a responsabilidade da congregação das Irmãs de São José. Em 1963, para se adaptar à legislação canônica, a associação passou a se chamar Pio Sodalício Damas de Caridade.
