A Polícia Civil investiga a hipótese de crime na morte do papeleiro Carlos Miguel dos Santos, 45 anos. O papeleiro teve 85% do corpo queimado na noite de sexta-feira. Responsável pela investigação, o delegado Joigler Paduano, do 2º Distrito Policial, disse que três suspeitas envolvem o caso.
A primeira delas recai sobre três adolescentes que teriam sido vistos na rua momentos antes de o fogo começar. Outra possibilidade apurada pela polícia é de uma mulher, supostamente companheira de Santos, ter provocado as chamas. A terceira hipótese é de um eventual acidente, gerado a partir de uma fogueira ou outro material inflamável.
- Testemunhas dizem que três jovens estariam próximo ao local, mas ninguém chegou a vê-los ateando fogo no morador. Não existe certeza de que isso tenha acontecido. Pode ser até que houve um acidente - comentou Paduano.
O frentista Elisandro Konrad, que socorreu Santos, disse que ele falou em vingança:
- Ele não reclamou de dor. A única coisa que disse depois que as chamas se apagaram foi: "Eu vou pegar eles. Eles me pagam.
Após ter 85% do corpo queimado, na noite de sexta-feira, o papeleiro morreu na manhã de domingo, no Hospital Pompéia. Primo de Santos, o metalúrgico Luiz Carlos Teixeira Junior conta que ele era natural de Caxias do Sul e antes de morar na rua residiu no porão da casa de parentes, no bairro Marechal Floriano.
Segundo o metalúrgico, o papeleiro sobrevivia do recolhimento e venda de materiais recicláveis. Teixeira afirmou que Santos era alcoólatra, mas não incomodava ninguém. Inclusive, era amigos de moradores e trabalhadores dos bairros Santa Catarina, Marechal Floriano e Pio X.
Conforme um comerciante das redondezas, o papeleiro chamava atenção porque, apesar de trabalhar com lixo, andava bem arrumado:
- De vez em quando, me pedia dinheiro para comprar alimento, e eu acabava dando porque ele tratava a gente bem, conversava e estava sempre numa boa.
O corpo de Santos será sepultado às 17h desta segunda-feira, no Cemitério Municipal. Não haverá velório. A Fundação de Assistência Social divulgou que arcará com o custo da cerimônia fúnebre.
Investigação
Morte de papeleiro queimado em Caxias do Sul seria criminosa
Ao ser socorrida, vítima teria falado em vingança
GZH faz parte do The Trust Project