De segunda a sexta-feira, Patric de Oliveira Peres, 20 anos, toma o gorro vermelho sobre boné, a lata puxada por rodinhas e o batedor de madeira que pertenciam ao avô e ganha as ruas. Na lata, estão as famosas casquinhas que tornaram Ruy Peres uma figura tradicional em Caxias.
Patric namora e se diz caseiro. Ultimamente, tem preferido churrascos com amigos. Mora com os pais e dois irmãos, de 19 e oito anos, no bairro Salgado Filho. A casa fica debaixo da residência da avó, Maria de Lourdes Teles, 77, com quem divide a tarefa de produzir as casquinhas e também o lucro obtido com a venda da guloseima.
Com a rotina de ambulante, Patric consegue conciliar trabalho e aula. O rapaz é estudante do primeiro semestre de Letras na Universidade de Caxias do Sul (UCS). Escolheu o curso pelo prazer em escrever. Dias após a morte do Tio da Casquinha, redigiu a poesia abaixo para o avô:
Vá em paz grande trabalhador
Que esteja agora com o Senhor
O homem que me mostrou muito
E que farão muito certo
A mim e a quem lhe notar
Não foi preciso rico ficar
Para ser famoso bastou trabalhar
Talvez a última coisa que me pediu
Não pude lhe levar, mas algo existiu
O suficiente para me fazer chorar
E para querer realmente lhe falar
Obrigado, obrigado por me ouvir
Obrigado, por ter me deixado seguir
E obrigado por na minha vida vir!
Na versão impressa do Pioneiro deste final de semana, conheça mais sobre a tradição das casquinhas.
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