Os técnicos do Ministério da Cidades vão investigar o que ocorreu com os recursos federais usados pela Cooperativa de Crédito Rural Horizontes Novos de Novo Sarandi (Crehnor Sarandi) na construção de 67 casas no Assentamento Conquista do Cerro da Liberdade, em Santana do Livramento. As obras foram abandonadas, e os prédios erguidos estão virando escombros. As famílias estão aflitas com a possibilidade de passar mais um inverno vivendo em barracos.
As obras se iniciaram em março de 2008, com prazo de conclusão de seis meses. As construções foram abandonadas no início de 2009. O custo da obra é de R$ 872 mil, e o financiamento foi uma parceria entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Crehnor Sarandi, que repassou os recursos do do Ministério das Cidades. O Incra suspendeu os repasses de parte do dinheiro afirmando que a Crehnor não havia cumprido o acordo. Pelo convênio, o instituto financiaria os pilares e as paredes das casas, e a cooperativa, o restante da obra. Pressionado pelos assentados, o superintendente do Incra no Estado, Mozar Dietrich, mandou o caso para apuração do procurador Cícero Augusto Pujol Corrêa, do Ministério Público Federal (MPF) de Livramento. A entrada dos técnicos do Ministério das Cidades no episódio ocorre porque a Crehnor Sarandi administra outras obras com recursos federais.
Em nota, o ministério informa que a investigação do episódio tem dois estágios. O primeiro, que já começou, é administrativo, e verifica a origem do problema. A segunda fase ocorre se forem encontradas irregularidades.
O presidente da Crehnor Sarandi, Valdemar Alves de Oliveira, disse ter repassado o dinheiro para os construtores, que faliram: a Cooperativa de Agricultura Diversificada Xingu Ltda. (Coadil) e a Construtora e Transportadora HM, de Novo Xingu. Repetiu que a tarefa de fiscalizar as obras era de uma instituição ligada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Entenda o caso
1 A construção de 67 casas no Assentamento Conquista do Cerro da Liberdade, em Livramento, foi financiada por uma parceria entre o Incra e a Cooperativa de Crédito Rural Horizontes Novos de Novo Sarandi Ltda (Crehnor Sarandi).
2 As obras se iniciaram em março de 2008, mas as casas não foram finalizadas.
3 O Incra afirma que teria repassado R$ 402 mil do total de R$ 469 mil. Os repasses foram suspensos quando recebeu dossiê dos assentados dando conta de que as obras nãos seriam concluídas.
4 A Crehnor, que usa recursos federais, diz que investiu R$ 362 mil do total de R$ 402 mil. O presidente da cooperativa, Valdemar Alves de Oliveira, diz que as obras não terminaram porque as empresas contratadas faliram.
5 As empresas contratadas e que foram à falência são a Cooperativa Agrícola Diversificada Xingu Ltda (Coadil) e a Construtora e Transportadora HM
6 A Cooceargs, que tinha a tarefa de fiscalizar as obras, disse que o objetivo é terminar as casas.