Após 33 anos de atuação em veículos do Grupo RBS, a jornalista Ana Amélia Lemos deixa hoje a empresa para seguir carreira política. Filiada ao PP, Ana Amélia irá disputar uma das duas vagas ao Senado pelo Rio Grande do Sul nas eleições de outubro.
Como o Guia de Ética, Qualidade e Responsabilidade Social da RBS prevê o afastamento do colaborador no momento em que a candidatura é anunciada, a jornalista faz hoje sua última participação nos veículos do grupo. Ao longo do dia, Ana Amélia se despede do público nos espaços que ocupava na Rádio Gaúcha, Rádio CBN/Diário, RBS TV Rio Grande do Sul e Santa Catarina, Canal Rural e Zero Hora. No fim da tarde, em evento interno, direção e colegas farão uma homenagem à jornalista pelos 33 anos de dedicação ao grupo.
- Sair da RBS é como se eu estivesse saindo de casa. Parto para outro desafio. Deixo de ser narradora do cenário político para ser protagonista - comenta.
Nascida no distrito de Clemente Argolo, interior de Lagoa Vermelha, Ana Amélia saiu de casa pela primeira vez aos nove anos. Filha de um carpinteiro e de uma merendeira de escola pública, até então jamais havia frequentado uma sala de aula. Levada para Porto Alegre por uma amiga da família, cursou metade do Ensino Fundamental e retornou a Lagoa Vermelha. O restante dos estudos só foi concluído graças a uma bolsa concedida pelo então governador Leonel Brizola.
De volta à Capital em 1967, Ana Amélia passou no vestibular para Comunicação Social na PUCRS e começou a trabalhar na Rádio Guaíba para pagar a faculdade. Três anos depois, já formada, deu início a uma bem-sucedida carreira de jornalista multimídia. Atuava ao mesmo tempo na Rádio e TV Difusora, no Jornal do Comércio e era correspondente do Correio da Manhã e da revista Visão.
Em 1977, ao entrevistar o então ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen, a jovem repórter despertou a atenção do fundador do Grupo RBS, Maurício Sirotsky Sobrinho. No dia seguinte, Ana Amélia foi convidada a se incorporar à empresa, apresentando o Panorama Econômico, o primeiro programa de TV sobre economia do sul do país. Há 21 anos atuando em Brasília, Ana Amélia se tornou referência no país em jornalismo econômico e agronegócio.
Ana Amélia: "Sinto que tomei a decisão certa"
Preocupada com a fragilidade dos partidos e disposta a abrir o debate em torno da liberação de recursos federais, Ana Amélia Lemos entra na disputa ao Senado com bandeiras definidas. Nesta entrevista, ela fala sobre a transição para a nova carreira.
ZH - Como se deu a decisão de trocar o jornalismo pela política?
Ana Amélia Lemos - Há muito tempo, os partidos buscam pessoas conhecidas. Artistas, jogadores de futebol e comunicadores estão ingressando na política. Dentro desse quadro, desde que comecei a ter visibilidade na mídia, tenho sido convidada a concorrer. Eles diziam: "Você escolhe qual cargo quer disputar". Mas há hora para semear e hora para colher.
ZH - O que mudou para que a senhora agora aceitasse concorrer ao Senado?
Ana Amélia - Foi um processo lento e gradual de amadurecimento. Eu me perguntava se consigo usar uma outra tribuna e ter mais eficácia no trabalho. Há um descrédito muito grande com o cenário político. Eu vejo a fragilidade dos partidos: muita gente vem conversar comigo sobre a candidatura, mas jamais alguém me perguntou por qual partido irei concorrer. Sinto que tomei a decisão certa.
ZH - Como jornalista, a senhora sempre apontou erros e omissões dos políticos. Está preparada para ser cobrada pelos eleitores a partir de agora?
Ana Amélia - Farei tudo o que estiver ao meu alcance. Mas não serei uma legisladora, não vou criar leis. Precisamos é fazer funcionar as que já existem. A minha briga também será para que o Estado deixe de vir a Brasília com chapéu na mão pedir recursos. Minha responsabilidade é abrir um debate institucional e político em torno dessa questão.
ZH - Como a sua entrada na disputa muda o cenário das eleições para o Senado no Estado?
Ana Amélia - Não estou preocupada com essa alteração. Não vou disputar beleza com ninguém. Serei candidata para representar o Rio Grande do Sul.
ZH - O PP, seu partido, vem sendo assediado pelos candidatos ao governo do Estado. Com qual candidatura a senhora mais se identifica?
Ana Amélia - Estou acompanhando essa questão, mas não tenho preferência. Essa decisão cabe ao comando partidário, que irá ouvir as bases do partido. Não que eu esteja lavando as mãos, mas sou cristã-nova na legenda. Não me cabe apontar a direção.
Carolina Bahia assume coluna
A partir de amanhã, alguns dos principais espaços de Ana Amélia Lemos nos veículos do Grupo RBS serão ocupados pela jornalista Carolina Bahia. Aos 38 anos, Carolina é formada em Jornalismo pela PUCRS e está concluindo MBA em Economia e Finanças pela Fundação Instituto de Administração, em São Paulo.
Com passagens pelo Jornal do Comércio e revista A Granja, Carolina ingressou no Grupo RBS em 1997 como repórter do caderno Campo&Lavoura. No suplemento, destacou-se com uma série de reportagens mostrando como agricultores gaúchos utilizavam e multiplicavam sementes de soja transgênica contrabandeadas da Argentina, antes de as sementes terem o uso liberado no Brasil.
Desde 2000, está sediada na sucursal multimídia da RBS em Brasília, onde cobre temas relacionados a economia, política e agronegócio. Atualmente, Carolina é comentarista das rádios Gaúcha e CBN/Diário, da TVCOM e do Canal Rural, além de fazer análises para o caderno Campo&Lavoura e para zerohora.com.
Agora, junto com os jornalistas André Machado e Rosane de Oliveira, ela passa a apresentar o programa Atualidade, na Rádio Gaúcha, e a fazer comentários ao vivo para o Jornal do Almoço, além de assumir a coluna Brasília, publicada de segunda-feira a sábado em Zero Hora.
Com as mudanças na sucursal, o jornalista Klécio Santos, 41 anos, é promovido a editor-chefe do Grupo RBS em Brasília.
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Ana Amélia Lemos troca o jornalismo pela política
Jornalista define candidatura ao Senado e deixa seus espaços em veículos do Grupo RBS
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