O tempo passa e com ele as marcas de cada conquista se fortalecem. O dia 4 de dezembro de 1994 ficou marcado para sempre na memória do torcedor juventudista como a data da primeira conquista nacional do Verdão.
E para erguer a taça daquela Série B do Brasileiro, o Juventude passou por alguns desafios. Um deles era disputar dois campeonatos concomitantes, uma vez que o Gauchão também estava em andamento.
— Teve momentos que a gente teve que jogar dois jogos no mesmo dia. Tínhamos a cogestão da Parmalat. A gente comentava o nosso desejo, eles aceitavam, às vezes vinham com outras ideias um pouco mais arrojadas. Vieram jogadores muito importantes, inclusive de Seleção Brasileira, que era o caso do Odair — avaliou o presidente da época, Marcos Cunha Lima.
E Odair Patriarca se mostrou bom jogador em campo e também fora dele.
— Eu estava no Palmeiras, a Parmalat entrou aqui, vieram também o Galeano e o César. Cheguei aqui, a gente não sabia nem o que ia disputar. Começou o campeonato e nós fomos avançando. E, depois, a gente terminar o ano de 1994 sendo campeão do Brasil, com a primeira estrela, foi uma história feita pela união deste grupo — avaliou Odair.
Atacante goleador e base forte
O grande artilheiro do Juventude e da Série B, naquele ano, foi Mário Maguila. À época com 28 anos, o centroavante foi responsável por 11 gols do alviverde. Ele também está marcado na história pela frase: "Brasil, olha o Juventude, tchê". Ela foi dita por Mário, no dia 20 de novembro, no Estádio Alfredo Jaconi, quando a equipe enfrentava o Americano e conquistava o acesso após duas vitórias por 1 a 0.
— O nosso time era muito bom. Com grandes jogadores. E, principalmente, os que vieram da base deram uma força muito grande. Eram grandes jogadores, como Laurinho, o Itaqui, o Baggio, Paulo Marcelo, o Edson e o Jardel — destacou Maguila.
A mescla de jogadores experientes com atletas oriundos da base só deu certo porque debaixo vieram atletas que conquistariam outros grandes feitos da história alviverde: o Gauchão de 1998 e a Copa do Brasil, do ano seguinte. O baixinho Lauro estava entre eles.
— Por a gente ter pouca informação, por a gente fazer muita coisa da nossa cabeça, a gente acertava muito, errava muito, mas era a gente, né? Criando nossas próprias estratégias de jogo, nossos próprios planos de combate ali dentro do campo — apontou Lauro.
Itaqui também enalteceu a importância de ter um elenco com perfis distintos.
— O profissionalismo era muito grande, os jogadores mais experientes que vieram pela Parmalat, além de serem grandes jogadores, eram pessoas que nos deram toda a força que a gente precisava, base, começando, a gente precisa daquele apoio, aqueles profissionais mais experientes que te ajudam, incentivam. Isso aí trouxe para a gente um alinhamento de grupo, de equipe — lembrou Itaqui.
Decisão com o Goiás valendo a taça
Depois de perder por 2 a 1 a primeira das finais, fora de casa, o Juventude precisaria de uma vitória simples para ficar com o caneco da Segundona. E o 2 a 1, com gols de Paulo Sérgio e Galeano, confirmou a conquista alviverde.
O time de Heron Ferreira na finalíssima tinha: Isoton, Odair, Sandro, Paulo Marcelo e Paulo Sérgio; Galeano, Júnior, Lauro e Julinho (Édson); Mauricinho (Veneza) e Mário.
— Eu preconizava muito a união, mas a união de atitude. Não adianta você só falar que o time é unido, mas a atitude não é essa. A gente se divertia, fazia aquilo que queria, e era feliz no dia a dia. Então, se você perguntar aos atletas, a comissão técnica, nós passamos um ano de muita felicidade e de muitas conquistas — avaliou o treinador.
Curiosidades
:: O goleiro Isoton foi o único jogador que disputou todas as 20 partidas da equipe na Série B;
:: Os goleiros Isoton, Márcio e Humberto, os laterais Itaqui, Edson Kaspary e Ericson, os zagueiros Paulo Marcelo e Baggio, o volante Lauro e o atacante Jardel foram os atletas oriundos das categorias de base do Ju;
:: Atual técnico da Seleção, Dorival Jr. fez parte do elenco vitorioso do Ju;
:: Naquela campanha, o Juventude teve oito partidas de invencibilidade durante a segunda fase e as semifinais da Série B;
:: Mauricinho, na época com 20 anos, foi o atleta mais jovem da campanha do acesso em 1994.
:: A estreia do Juventude foi com o Tiradentes-DF, no Estádio Elmo Serejo, na cidade de Taguatinga. Apenas 94 pessoas estiveram presentes nas arquibancadas. Na decisão do título, no Jaconi, 15.440 torcedores compareceram.