
A história de Alan Ruschel transcende os limites da superação e da persistência. Desde a tragédia na Chapecoense, o atleta, um dos sobreviventes do voo, iniciou uma nova luta no futebol. A de não ser contratado "apenas por pena" e demonstrar dentro de campo que ainda poderia conquistar grandes objetivos na carreira. E, no Juventude, o lateral-esquerdo viveu momentos marcantes nesta temporada.
O começo de ano não foi nada animador. Com um desempenho abaixo do que o próprio atleta esperava, Alan quase saiu do clube. Deixado de lado por escolha do ex-treinador alviverde Pintado, no começo da Série B, o lateral chegou a treinar em separado. Mas deu a volta por cima com a chegada de Thiago Carpini.
Logo na estreia do técnico, na sétima rodada, diante da Chapecoense, na Arena Condá, Ruschel foi o escolhido para assumir a lateral esquerda na vitória por 2 a 0. Desde então, se tornou titular absoluto da posição. Ele atuou em 31 partidas na competição e ainda anotou três gols.
— É um momento legal. Uma fase muito boa depois de um ano que não começou tão bem. Mas sempre trabalhei com seriedade, assim como foi na minha carreira inteira. Nunca deixei a cabeça cair, independente das situações que vivi — declarou o camisa 28.
Ao longo da Série B, Alan conquistou o respeito do torcedor com boas atuações. E até gols emblemáticos. Como a bomba de fora da área que abriu caminho para a vitória por 2 a 0 sobre o Botafogo-SP, em Ribeirão Preto, na abertura do returno. O golaço de falta nos 2 a 0 sobre o Avaí. E ainda a cabeçada que deu a vitória sobre o Criciúma, no confronto direto pelo G-4, no Alfredo Jaconi.
E o destino quis ainda que ficasse nos ombros de Alan a responsabilidade de ser o capitão da equipe no jogo que poderá dar o acesso ao clube à Série A. Com a lesão de Nenê e com a liderança imposta a cada partida em campo e no vestiário, o jogador pode coroar o ano com a conquista da vaga.
— Seria pra coroar uma história muito legal, ainda mais no clube onde iniciei. Mas aqui no clube temos muitos jogadores com experiência e liderança dentro do vestiário também, que me ajudam e dão o suporte necessário. E espero que no dia 25 de novembro, no nosso último jogo, a última final, que a gente possa estar coroando nosso ano, que não começou tão bem, mas que pode terminar de uma maneira muito legal — afirma Ruschel, que ainda completou:
— Geralmente antes do jogos falo que a gente não pode deixar afrouxar a corda. Não existe jogo fácil. O futebol não tem lógica. O que precisamos é desempenhar o nosso melhor, estar bem concentrado e focado no que a gente quer porque a chance de ter êxito assim é bem grande.
Inspiração de um ídolo

Em sua passagem anterior pelo Alfredo Jaconi, quando ainda era um garoto vindo do Esportivo, Alan buscou conselhos em quem já era ídolo do Juventude: o volante Lauro, o "Guerreiro".
O ex-atleta hoje está na torcida pelo acesso do Verdão e revelou o carinho que tem pelo lateral-esquerdo alviverde.
— Tenho contato com o Alan, que é um grande amigo. Esse rapaz é um milagre, um vencedor. Não dá pra esquecer a história dele desde a Chapecoense. Torço muito por ele, mesmo que o Nenê esteja no pós-jogo, o Alan vai estar ao lado, como capitão, para comemorar o acesso. É um bom caráter do futebol — revelou Lauro em entrevista ao Show dos Esportes.
Com a responsabilidade nos ombros e uma liderança forte no vestiário Alan ainda deu os motivos para o torcedor acreditar no acesso.
— Acreditar pela nossa retomada, pelo que já fizemos dentro da competição. Um time que não se entrega. Já passamos por tudo. Ganhamos, perdemos, cedemos o empate no último minuto, já ganhamos no último minuto. Aconteceu de tudo. A gente pede que confiem na gente. Contamos com a energia deles que vai ser muito importante — finalizou o lateral.
Os números de Alan Ruschel na temporada
:: 40 jogos
:: 31 pela Série B, oito pelo Gauchão e um pela Copa do Brasil
:: Três gols e duas assistências