O dia 25 de novembro de 2023 pode ser daquelas datas que ficará na memória do torcedor do Juventude para todo o sempre. Bem como foi naquele 29 de janeiro de 2021, a última vez em que o clube disputava o acesso à Série A, diante do Guarani, em Campinas. Na oportunidade, a vitória por 1 a 0, com gol de Renato Cajá, garantiu ao time de Pintado uma das vagas à Primeira Divisão.
Mas desta a vez, a lembrança mais viva na mente da Papada remete à Fortaleza. Palco da decisão deste sábado diante do Ceará, pela última rodada da Série B, a cidade já viu o Juventude sair de campo com o acesso na bagagem. Isso aconteceu em 2016. Juventude e Fortaleza decidiram uma das vagas à Série B do ano seguinte. E depois de um empate frustrante, em 0 a 0, no jogo de ida das quartas de final, em Caxias do Sul, o Verdão jogava por uma vitória ou um novo empate, desta vez com gols, para voltar de Fortaleza com a vaga.
E coube ao criticado Hugo Almeida ser o herói de um feito marcante do clube. O centroavante havia marcado quatro gols, em dois confrontos com o Guaratinguetá e duas vezes contra o Mogi Mirim naquela mesma Série C. Cobrado pela falta de efetividade nos demais jogos, Hugo calou o Castelão, diante de mais de 63 mil torcedores, ao marcar o primeiro gol da partida, aos dois minutos do segundo tempo.
—Foi um jogo muito difícil, o Castelão teve o melhor público do ano, mas nós tínhamos um grupo muito unido, de amigos e sem vaidades. Com certeza foi o que fez a diferença pra que alcançássemos o acesso naquela ano — relembrou o jogador.
Nem mesmo o empate dos cearenses, aos 21 minutos, e a pressão do adversário até os acréscimos, impediu que o Verdão deixasse a vaga escapar. No final, muita festa e comemoração pela conquista.
— Um momento único na minha carreira. Muito especial e está guardado no meu coração. E tenho certeza que no da torcida do Juventude também. E não tenho dúvidas que a história vai se repetir e o Ju vai subir pela qualidade da equipe e pelo companheirismo dos atletas. Estou na torcida. Vamos subir Papo! — finalizou Hugo.
Modelo para o sábado
A conquista de 2016 pode servir de exemplo para o desafio que o time de Thiago Carpini terá neste sábado à tarde. A diferença é que o Ceará não jogará pela vaga ou pela sobrevivência na competição. Pelo contrário, o time de Vagner Mancini entra em campo pela dignidade, uma vez que não tem mais pretensões no campeonato. E, mesmo assim, os cearenses têm vencido e atrapalhado a vida de candidatos ao acesso, como nos últimos dois confrontos em casa quando derrotou Sport e Mirassol.
— A equipe do Ceará é muito qualificada. Deixou de brigar pelo acesso por diversas razões. Não cabe a nós falarmos aqui, mas com certeza eles têm as motivações próprias pra esse jogo e acredito que vai ser uma grande partida. Depender só de nós mesmos é a melhor situação que poderíamos estar. Se vencermos o jogo estaremos na Série A e temos que focar nisso — avaliou o goleiro Thiago Couto.
O cenário será diferente também fora das quatro linhas. O Juventude não terá que enfrentar as 63 mil vozes do Castelão. Provavelmente, o remodelado Estádio Presidente Vargas deva receber um público pequeno, para acompanhar a última partida da equipe cearense na temporada.
E a motivação dos atletas do Ju não tem dimensão. Escrever seus nomes para sempre nas páginas da história do clube é algo sem tamanho. Enquanto que do outro lado, incentivado por uma possível "mala branca" dos rivais alviverdes, o Ceará tenta fechar o ano com uma vitória em casa.
— Eles podem ter o incentivo dos outros clubes, mas nós estamos brigando por grandes coisas na competição Temos que fazer o nosso papel e não depender dos outros resultados. Tenho certeza que vamos fazer um grande jogo e trazer esse acesso pra Caxias — avaliou o atacante Gabriel Taliari.
Ao término dos 90 minutos de partida em Fortaleza vai ser escrita mais uma página na história de 110 anos do Juventude. Que pode ser de frustração pela perda da vaga na última batalha da Série B. Ou de redenção, com a campanha de recuperação com a chegada do jovem técnico Thiago Carpini que tirou o clube da zona de rebaixamento, na largada, e conduziu para a conquista da vaga, no confronto final.
