O esporte e a capacidade de fazer a vida de muitas pessoas melhorar. Isso também é realidade na Casa Anjos Voluntários, em Caxias do Sul. Lá, cerca de 200 crianças e adolescentes da Zona Oeste da cidade são atendidas pelo projeto que há mais de 15 anos presta um trabalho diferenciado para quem vive em uma condição de vulnerabilidade e busca uma possibilidade de evoluir na vida.
Na Anjos Voluntários, o esporte também é um motivador para que a mudança aconteça.
— A gente trabalha a socialização e a integração dos alunos. Sempre com inclusão. Nunca deixando alguém de fora — afirma o professor de educação física Paulo Avrela.
As oficinas esportivas ocorrem com a orientação de um profissional de educação física e monitoradas pelo educador social. São jovens de seis a 15 anos que buscam no esporte uma chance de encontrar um lazer e, quem sabe, uma profissão para o futuro.
É o caso de Elias Cordeiro, de 14 anos. Morador do bairro Charqueadas, o adolescente é natural de Belém-PA. O jovem veio com a família para o Rio Grande do Sul. A busca dos pais e dos tios era por oportunidade de emprego em Caxias do Sul. E há quatro anos, Elias encontrou a Casa Anjos Voluntários.
— Logo que a gente chegou aqui, passei muita necessidade. E a Anjos foi um refúgio para mim, onde me ajudou a várias coisas — conta Elias.
Além do trabalho social, que auxiliou o paraense na adaptação ao Sul, as oficinas também mostraram o talento que Elias tem para o futebol. Ele é um dos destaques quando é dia das aulas na quadra esportiva. E no esporte pode estar a possibilidade de um futuro melhor.
— Eu tenho o sonho de ser jogador. Quero ajudar a minha família e poder retribuir de algum jeito à Casa Anjos — afirma Elias, que irá tentar uma vaga nas categorias de base do Juventude.
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A chance pode aparecer em qualquer momento. Na Casa, há uma atenção especial para que os talentos sejam cuidados, mas sem diferenciação.
— A gente sempre fica de olho, tem sempre algum que se destaca. Talento sempre tem, mas precisaríamos de uma forma de encaminhar esse aluno para algum clube — afirma Avrela.
chance diferenciada
Além da chance de ter uma atividade diferente no contraturno escolar, a Casa Anjos Voluntários disponibiliza aos usuários uma qualidade de material que nem sempre os alunos encontram nas escolas. Até por isso, o trabalho realizado pela instituição oportuniza o conhecimento de outros esportes, como o badminton.
Outro ponto que chama a atenção é a inclusão. Durante as atividades, as meninas e os meninos fazem as aulas juntos, respeitando suas especificidades.
— A gente sempre trabalha meninos com meninas para que eles se tornem adultos mais sociáveis — afirma Avrela.
Isso faz com que Janaína Ávila, de 13 anos, possa fazer as atividades com seus colegas de aula da escola.
— A maioria das coisas que a gente faz aqui, não tem na escola. Lá é mais matéria. Aqui, são sempre atividades diferentes — diz Janaína, que está no projeto há oito anos.
Apesar de não ter o esporte como um pensamento para o futuro profissional, Janaína sabe da importância que as atividades têm na sua vida. Para ela, o trabalho da Casa Anjos Voluntários é um motivador para ir atrás de seus sonhos:
— Eu aprendi a lidar muito mais com a música, e acho que isso me deu uma possibilidade. Espero um grande futuro, até pelo que a Casa tem me ajudado.
O esporte na Casa Anjos Voluntários é um meio para que muitas pessoas encontrem um caminho diferente na vida, principalmente o da integração.