
Não é de hoje que os resultados das seleções masculina e feminina de vôlei inspiram muitos pequeninos a iniciar no esporte. Hoje, a modalidade é considerada a segunda mais importante do país. E, passada a Olimpíada do Rio, nem mesmo a frustração das meninas nos Jogos é capaz de diminuir o entusiasmo da garotada que dá os primeiros passes e manchetes na quadra. E nem precisa levar o esporte tão a sério mesmo quando se trata de uma iniciação. É como entrar em um parque de diversões e apenas curtir.
É o que se pode notar em Nova Petrópolis. As atividades do projeto comandado pelos irmãos Daniel e Paulo Roese englobam 265 crianças e jovens de quatro a 17 anos, durante toda a semana, no turno inverso ao das escolas.

Seja com os mais pequenos, na chamada “Brincaula” ou nos times de competição, a modalidade é sinônimo de companheirismo, amizade e alegria na cidade. Como Nova Petrópolis vivencia muito o vôlei, o gostar do esporte é passado de geração em geração.
No segundo ano participando do projeto, Yasmin Schommer Pino, 11, diz que toda família pratica e adora o esporte. Ela nem pensa na modalidade como uma profissão. Prefere curtir os treinos e, logicamente, acompanhar o vôlei pela televisão, como fez nas Olimpíadas.
– Deu mais vontade ainda de treinar por ver como eles jogam muito. Seria muito legal chegar a esse nível um dia. Mas, hoje, penso no vôlei mais como diversão – destaca.

Com apenas nove anos, Mariana Festugato fala como uma “experiente”. Natural de Caxias do Sul, ela entrou no Vôlei Nova Petrópolis quando se mudou para a cidade, no ano passado. Antes, treinava no Recreio da Juventude.
– Eu gosto quando os professores nos passam minicampeonatos. Eu queria ser jogadora. Hoje, treino três vezes por semana, no pré-mirim e mirim. Aprendi muita coisa desde que comecei no vôlei – diz a garota, que se inspira em Mari Paraíba.
Para Pietra Fernandes, 11, a motivação veio de um primo que jogava profissionalmente. Depois, ela acabou pegando o gosto pela modalidade nas aulas do projeto e, há dois anos, sempre conta as horas para treinar com as outras crianças. O grande exemplo no vôlei é a central Fabiana.
– A gente estava assistindo as Olimpíadas e meu avô Roberto me diz sempre que um dia quer me ver jogando na seleção. Quem sabe, né? Tentei ver todos os Jogos. Até do masculino, mas ali é só porrada. O das gurias é melhor – avalia Pietra.
Projeto evoluiu com o tempo
A história do vôlei na cidade é antiga. Os primeiros relatos são ainda de meados de 1940. Nestes últimos anos, o foco está na formação e, especialmente, na inclusão esportiva por meio da modalidade. O projeto Vôlei Nova Petrópolis começou com apenas 75 alunos. Hoje são 265. Como a cidade tem uma população de cerca de 18 mil pessoas, a abrangência impressiona.

– Pela faixa etária que a gente atinge, temos 25% ou 30% das crianças da cidade no projeto. A consequência não é formar atletas. É trabalhar como ferramenta auxiliar da educação, mas com um trabalho de altíssima qualidade dos nossos professores – explica Paulo Roese.
Como atleta, Roese atuou por Sogipa, UCS e Barretos-SP. Depois, retornou para Caxias do Sul e iniciou a carreira fora das quadras e trabalhou na equipe da universidade caxiense até 2003, quando voltou para a cidade natal. O objetivo era tocar o projeto iniciado dois anos antes ao lado do irmão Daniel.
Paulo fica mais responsável pela coordenação técnica e de treinamentos. Daniel gerencia o projeto na questão administrativa.E o trabalho não se restringe à cidade, já que conta com alunos de Canela, Gramado, Picada Café, Linha Nova, Feliz e Caxias do Sul.
– Hoje, o vôlei é o esporte que representa Nova Petrópolis fora da cidade – destaca Paulo.

São 10 professores comandando as atividades, em aulas de segunda a sábado das 9h às 19h, no ginásio da IECLB. O “Brincaula”, destinado a crianças de quatro a sete anos, já chamou a atenção da Confederação Brasileira de Vôlei, que enviou representantes à cidade para observar os métodos utilizados com as crianças. A ideia dos dirigentes é replicar a ideia em outros centros do país.
A comemoração pelos 15 anos do projeto ocorre no próximo dia 3 de setembro, com um jantar comemorativo, no Centro de Eventos. Ainda no próximo mês, outra ação importante trará à cidade campeões olímpicos e referências da modalidade, no Dia Estadual do Vôlei.
– No ano passado, juntamos 650 crianças e montamos 15 quadras no Centro de Eventos da cidade durante todo o dia. Foi o lançamento da lei e agora, em 25 de setembro, teremos a segunda edição, com o Paulão, a Carol Albuquerque, o Gustavo Endres, atletas com passagens na seleção brasileira – conta Roese.