Nada de Neymar, Thiago Silva, Douglas Costa ou algum jogador do Corinthians. A primeira seleção de Tite começa com a segurança do goleiro Lauri, passa pelo volante de qualidade Mário Bassani, tem a elegância de Marquinhos com a camisa 11 e as pedaladas de Ferreira com a 9. Há 24 anos, o caxiense Adenor Leonardo Bachi era um técnico em início de carreira no Veranópolis e na equipe da Marcopolo, onde selecionava os melhores funcionários-boleiros para o tradicional Campeonato do Sesi.
– Fizemos uma reunião de diretoria da associação dos funcionários da Marcopolo e decidimos ali que iríamos convidar o Tite. Era um cara bem quisto por todos, precisava de dinheiro e o chamamos para trabalhar com a gente – lembra Raimundo Demore, diretor da empresa na época e que depois virou presidente do Juventude de 2012 a 2015.
Engana-se quem acha que a Marcopolo era apenas um bico para Tite em 1992.
– O Veranópolis tinha dificuldade e mal pagava ele direito. Aqui na Marcopolo ele recebia direitinho todo mês, se dedicava muito e exigia o máximo daquele time – revela o ex-atacante Ferreira, ídolo do Juventude em 1990 e 1991.
O principal problema para Tite era conciliar a função dupla de treinador em razão da distância entre Veranópolis e Caxias do Sul. Na parte da tarde, treinava os profissionais do VEC no Estádio Antônio David Farina e, depois, saía a milhão na Fiat Panorama com os quatro pneus quase carecas.
Tinha menos de uma hora para chegar às 18h no Estádio Ody J. M. Britto, sede campestre da Marcopolo, às margens da Rota do Sol. Muitas vezes, chegava atrasado e o irmão Miro Bachi, que era o auxiliar técnico da equipe, comandava o treino até Tite estacionar e descer do carro.
A primeira Seleção Brasileira de Tite vai ser anunciada em agosto, para os jogos contra o Equador, no dia 2 de setembro, e a Colômbia, no dia 6, pelas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2018. Porém, a verdadeira primeira seleção de Tite foi a da Marcopolo de 1992.
– Quando ele chegou aqui, tinha uma base de time, mas começou a observar muitos outros funcionários da empresa. Via todo mundo, os que eram indicados ou os que diziam que jogavam bem. Aí, ele botava todo mundo no treino e selecionava os melhores. Antes dos jogos, fazia uma lista de convocados e fixava na parede – conta o ex-meia-atacante Marquinhos, que foi jogador profissional e ainda trabalha como supervisor de qualidade da Marcopolo.
Aquela seleção de laranja, branco e preto ganhou de quase todo mundo. É considerada uma das melhores equipes da história da empresa e a de maior invencibilidade. A única frustração daquela época foi perder a final do Campeonato do Sesi para o time da Randon com um gol mal-anulado, em setembro de 1992, no empate de 0 a 0 no Estádio Centenário.
Fora isso, risadas, brincadeiras e muitas histórias para contar, como eles fizeram em um encontro inédito 24 anos depois no campo onde foram comandados pelo atual técnico da Seleção Brasileira de futebol.
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Exclusivo: a primeira seleção do técnico caxiense Tite
Nada de Neymar, Thiago Silva, Douglas Costa ou algum jogador do Corinthians
Adão Júnior
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