Pouco mais de quatro meses após assumir o comando do Juventude, Antônio Carlos Zago vive a expectativa de disputar o primeiro Gauchão como treinador. Exatamente 10 anos após vestir a camisa alviverde no Estadual quando atleta, o treinador terá a missão de manter o clube entre as principais forças do Rio Grande do Sul.
Após o primeiro período da pré-temporada, Zago está otimista. Diz que, mesmo com o acesso do Brasil-Pe à Série B, o Ju é a terceira equipe do Estado e o objetivo do clube, mesmo com o enxugamento de gastos no futebol, é avançar para as semifinais.
Em janeiro, quando retoma a preparação para a temporada, o técnico contará com mais reforços e projeta um período de treinos fora da cidade, ainda sem local confirmado. Confira a entrevista com o treinador, com a avaliação deste ano e os projetos para a sequência do trabalho:
Pioneiro: Qual a avaliação do trabalho pelo Juventude em 2015?
Antônio Carlos Zago: Em relação ao ano, é difícil fazer uma análise, até porque cheguei nos últimos cinco ou seis jogos. Em uma análise pessoal, foi bom, pelos números de pontos conquistados. Para o clube já não foi bom porque não conseguimos o acesso. E sempre é preciso pensar no que é positivo para o clube. Foi um ano meio turbulento, algumas coisas não andaram dentro do clube, mas a esperança agora é que tudo possa melhorar e as coisas caminhem da melhor maneira possível.
Esta primeira etapa da pré-temporada cumpriu com os objetivos da comissão técnica?
- Voltamos a treinar no dia 17 de novembro. A primeira semana foi praticamente toda de testes. Depois, foram três semanas intensas. Em cada semana, de 14 períodos, treinamos 11. Foi bem proveitoso tudo o que fizemos até agora. Não pudemos contar com todos os jogadores à disposição, ainda faltam dois (volante Júlio César e o lateral e meia Bruno Ribeiro) que chegam no dia 4 de janeiro, mas o mais importante é que a direção trabalhou bem, conseguiu os atletas que a gente analisou neste período, e a equipe começa a ter uma nova cara para o Gauchão.
Do time que foi titular na última rodada da Série C, o Juventude perdeu apenas três peças (Luan, Wallacer e Jô) para o Gauchão. As reposições agradaram?
- O Júlio César é um jogador que conseguiu o acesso para a Série A com o Avaí no ano passado e depois teve uma experiência não muito boa em Portugal. Vai ajudar muito, tem ótimas qualidade e acredito que vai se tornar um líder do grupo. O Dieguinho tem a característica semelhante do Jô, até mais veloz, mas sem a mesma recomposição do Jô. Fará bem a função. Na lateral esquerda veio o Pará, outro atleta experiente, com passagem por Série B e que sempre demonstrou ótimo futebol. O zagueiro Ruan eu vi jogador no Guaratinguetá e acredito que tem tudo para jogar numa grande equipe do futebol brasileiro. Os demais são aqueles que permaneceram e que já se conhecem e também sabem do meu trabalho. Por isso, não tivemos muitos problemas de adaptação.
Com as saídas do Wallacer, Paulo Baier e Kelvy, são três peças a menos para o meio-campo. Até agora, só chegou o Felipe Lima. O clube buscará outro meia ou será necessário buscar alternativas de formações ou de jogadores dentro do grupo?
- As saídas já eram esperadas e decididas algum tempo atrás. O Kelvy era um jogador que deveria permanecer, estava tudo certo o contrato, mas os procuradores do jogador mudaram de ideia. O Paulo tem uma história bonito dentro do futebol brasileiro e parece que tem encaminhado para encerrar a carreira no Atlético-PR. Já o Wallacer, o clube fez tudo para ele ficar, mas ele escolheu outro caminho. Infelizmente para nós, pois era um jogador que estava adaptado. Desejamos boa sorte à todos. Agora, jogar em um esquema diferente, o treinador serve para isso. Temos que ver o que temos no elenco. Meia é difícil encontrar no futebol brasileiro e mundial. Se no final aparecer alguém com qualidade, que vai fazer a diferença, será bem vindo. Senão, iremos com o que temos. É um grupo forte e no qual acredito muito.
Qual a programação para a segunda fase da pré-temporada?
- Voltamos no dia 4 de janeiro e passei para a diretoria que seria interessante fazer uma pré-temporada fora da cidade. Foi estipulada as datas entre 7 e 17. Serão trabalhos intensos no início, especialmente até o quadrangular. Vamos treinar pela manhã nos dias dos jogos. E, depois, outro amistoso no dia 24, o último antes do início do campeonato.
Qual a expectativa para o primeiro Gauchão como treinador?
- Sempre acho que seria importante jogar em casa e fora contra todos os times e quem chegar em primeiro é o campeão. Sou dos pontos corridos. Acredito que premia a equipe mais regular. Mas temos de jogar com todos, o Juventude foi premiado com um jogo a mais dentro de casa e acredito que seja importante. O Campeonato Gaúcho nos últimos anos cresceu o nível técnico, diferente da época em que eu jogava. Lembro de jogar em Vacaria e o gramado era ruim. Hoje estão reformando o campo e estão dando mais qualidade para os seus atletas apresentarem um futebol diferente. É um campeonato difícil, sempre com Inter e Grêmio sendo os protagonistas e o Juventude como a terceira força do Estado, independentemente do Brasil-Pe estar na Série B. Temos objetivos: primeiro conseguir a classificação entre os oito e depois chegar, pelo menos, nas semifinais.
