Mais do que um esporte, a bocha é um hábito que esquenta o convívio nas comunidades onde é praticada. Trazido ao Brasil por imigrantes italianos na segunda metade do século XIX, o jogo tem nas colônias os lugares onde permanece mais vivo. Em Garibaldi, por exemplo, são cerca de 400 praticantes filiados a nove clubes. E no ano passado, o município deu início à primeira escolinha de bocha do Estado, voltada para crianças e adolescentes.
Roberto Ghilardi, 52 anos, é o professor da garotada. Ele conta que a iniciativa da Liga Garibaldense pôs em prática um sonho antigo dos jogadores da cidade, de permitir aos mais novos dar continuidade à paixão dos pais. E com o apoio da Secretaria de Esportes, que banca o transporte e os uniformes, a ideia se mostrou certeira:
- As crianças acompanham os pais e aprendem a amar o esporte, mas nas escolas não tem cancha pra eles aprenderem. Ano passado começamos com 14 alunos, esse ano temos 12. A gurizada adora, não falta um treino - comenta o professor.
As aulas ocorrem uma vez por semana no Clube Três Lagoas, um dos mais tradicionais de Garibaldi. Além de praticar uma vez por semana, os jovens atletas também participam de torneios pela região. O mais velho da turma, Jean Carlo de Siqueira, 16 anos, já disputa em meio aos adultos.
- Comecei a jogar desde pequeno e já disputo alguns campeonatos desde o ano passado. Meu pai é capitão de um clube e foi com ele que aprendi a jogar. Gosto também de futebol, mas o esporte preferido é bocha. Agora que comecei, não paro mais - diz o menino.
O sotaque típico dos descendentes de italianos é comum aos pequenos atletas, oriundos de diversos bairros de Garibaldi. Jonathan Castro, 12 anos, pratica bocha desde os nove. Com bom humor, diz que a primeira experiência competitiva não foi das melhores. Mas que até por isso decidiu treinar ainda mais.
- Faz três anos que comecei, no clube do meu pai. Eu assistia os treinos e ele me incentivou a treinar aqui na escolinha. Disputei um campeonato juvenil ano passado, não me dei muito bem, mas estou aqui pra aprender - fala.
Mais tímido do trio que atendeu o Pioneiro na tarde da última quinta-feira, Lucas Mausolf, 13 anos, foi o único a não entrar no jogo por influência dos pais. No caso dele, foi para entrar na brincadeira dos colegas:
- Fazia dois anos que eu via meus amigos jogando e vi que era divertido. Daí me interessei e comecei a treinar.
Italianos da Serra
Escolinha de bocha de Garibaldi faz garotada manter viva a paixão herdada dos pais
Esporte é um dos mais tradicionais entre os descendentes de imigrantes italianos
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