Por mais que os clubes do Interior, principalmente Caxias, Juventude e Brasil de Pelotas, façam um esforço tremendo para surpreender os grandes da Capital a cada temporada, a realidade é que para a maioria o Rio Grande do Sul continua dividido em dois: Grêmio e Inter. Se os títulos nacionais e internacionais e as diferenças gigantescas das folhas de pagamentos não bastassem, nos últimos dois anos a dupla Ca-Ju viu Grêmio e Inter invadirem Caxias do Sul até para fazerem três Gre-Nais em pleno Estádio Centenário.
O uso do estádio do Caxias pelo Inter ajudou na troca da iluminação, no empréstimo de alguns jogadores e ainda rendeu ao clube grená cerca de R$ 900 mil em aluguel (R$ 100 mil por mês de janeiro a setembro), além de mais R$ 15 mil a cada jogo extra. Para especialistas, o Caxias agiu bem na negociação com o Inter, que precisou sair do Beira-Rio para reformar seu estádio para a Copa do Mundo.
- Não é produtivo para a dupla Ca-Ju realimentar discórdias com a Capital, como acontecia no passado, desapareceu e voltou a aparecer nos últimos anos. É muito melhor ser parceiro do que inimigo dos grandes - defende Wianey Carlet, comentarista da Rádio Gaúcha e do jornal Zero Hora.
Por outro lado, o número de torcedores do Inter na Serra gaúcha aumentou ainda mais, inibindo qualquer movimento contrário para a dupla Ca-Ju, que segue estagnada em seus quadros sociais. Além disso, nos últimos 10 anos o Inter agregou mais torcida através dos resultados de campo, como as conquistas das duas Libertadores (2006 e 2010) e do Mundial Interclubes (2006).
O Juventude também chegou a fazer uma parceria quando o Grêmio precisou jogar em Caxias do Sul pelo Brasileirão deste ano, contra Palmeiras e Botafogo, além de um jogo no ano passado, contra o Náutico. Essas três partidas renderam ao clube alviverde cerca de R$ 100 mil e uma relação mais próxima, o que viabilizou a venda de jogadores profissionais do Jaconi para o Olímpico, como Bressan, Ramiro e Alex Telles em 2013, e vários atletas da base, como o garoto Cassiano, de 16 anos.
Dentro de campo, nada de parcerias: de 2008 para cá, o Inter, com folha salarial a partir de R$ 3 milhões naquele ano, fez duplo 8 a 1 em Ju (2008) e Caxias (2009) em finais estaduais. Já o Grêmio, com custo um pouco menor, foi eliminado duas vezes em semifinais: uma para o Caxias no Centenário em 2012 e outra para o Ju no Jaconi em 2013. Com folhas salarias que não superam R$ 300 mil, a dupla Ca-Ju fez milagre nesses últimos suspiros de resistência contra os grandes do Estado.
Especial
Dossiê Ca-Ju: na sombra e nas migalhas da dupla Gre-Nal
Além das derrotas dentro de campo, Caxias e Juventude emprestaram seus estádios
Adão Júnior
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