O esporte que trouxe os argentinos Angelo Marcucci, 24 anos, e Aaron Aiala, 22, a Caxias do Sul foi o rúgbi. Mas, quando o assunto é rivalidade entre hermanos e brasileiros, eles abrem uma exceção na preferência esportiva para zombar com mais propriedade dos rivais.
- Esperei o jogo de ontem (quarta-feira, quando a Argentina bateu a Holanda e se classificou para a final do Mundial) para cornetear. Dependendo do resultado, nem ia falar nada. Mas nada vai ser pior do que os 7 a 1. O Brasil nunca vai esquecer. Parecia jogo de tênis - discursou Angelo, o mais à vontade para fazer piada com os clientes do restaurante onde fazem bico como garçons, no bairro Santa Catarina.
- Eu nem gosto (de futebol). Só falo por causa da rivalidade com vocês - diz Aaron, o mais tímido da dupla.
Para a final de domingo contra a Alemanha, Angelo é o mais confiante. Acredita que a Argentina levará a disputa para os pênaltis porque gosta da tensão das cobranças. Já Aaron reconhece que está com medo do resultado e nem arrisca um palpite.
- Prefiro ficar quieto - despista.
Angelo começou a jogar rúgbi aos 12 anos. Em San Juan, na Argentina, chegou a atuar na seleção estadual. Aaron ingressou no esporte ainda mais cedo, aos oito, e passou uma temporada jogando nos Estados Unidos. A dupla decidiu vir para o Brasil em nome de novas experiências e de melhores perspectivas para crescer no rúgbi. Se permanecerem três anos jogando credenciados à federação, podem ser convocados para a seleção brasileira, o que acreditam ser possível. O nível do esporte no Brasil está longe do encontrado na Argentina. E isso também impulsionou a vinda da dupla para cá.
- Queremos ascender com o time e dar pelo menos uma ideia de como é viver o rúgbi na Argentina - diz Aaron, que além disso, planeja a vinda dos pais, que trabalham com uvas passas na Argentina, para a Serra Gaúcha.
- O nosso objetivo é mostrar o respeito que existe em torno do esporte. É um jogo mais violento, mas a violência fica só dentro do campo - argumenta Angelo.
Na opinião do jogador, o esporte no Brasil ainda tem um grande espaço para a profissionalização, principalmente se atletas começarem a ser formados desde a base.
- Aqui jogam rúgbi como uma coisa social, começam lá pelos 20 anos. Na Argentina, jogamos desde pequenos - compara Angelo.
Copa do Mundo
Vitória da Argentina encoraja corneta de jogadores de rúgbi em Caxias do Sul
Hermanos Angelo Marcucci e Aaron Aiala brincaram com clientes de restaurantes onde também atuam como garçons
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