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Nova Petrópolis vestiu verde e amarelo nesta terça-feira, mas não adiantou: a Seleção alemã dominou o jogo contra o Brasil de ponta a ponta, e, aos poucos, os aplausos aos gols do time de Müller, Schweinsteiger, Lahm e Klose começaram a aumentar. Quando o apito final soou, não foram só os alemães Otto Mayer, 65 anos, Volke Wendling, 42, Oliver Seckler, 40, e Gerd Kappes, 42, que comemoraram: também teve brasileiros acompanhando a festa e aplaudindo - embora talvez nem tantos quanto seria de se esperar numa cidade de colonização alemã, em que a língua dos antepassados ainda é ouvida nas ruas.
- Unglaublich (inacreditável) - declarou Mayer quando do sétimo gol alemão.
>> FOTOS: Torcida acompanha o jogo Brasil x Alemanha pela Copa do Mundo, em Nova Petrópolis
Durante todo o jogo, ele foi o mais animado entre as cerca de 150 pessoas que se reuniram na Rua Coberta, no centro de Nova Petrópolis, para acompanhar a partida num telão. Vibrava a cada boa jogada alemã, ia conversar com os amigos brasileiros que estavam de verde e amarelo, tirava fotos, gritava. Não era para menos: a sequência de gols foi realmente unglaublich.
No intervalo entre o primeiro e o segundo tempo, muitos espectadores vestidos com a camisa da Seleção canarinho deixaram o Rua Coberta, e o motivo não era o frio, que aumentava aos poucos. Embora persistisse na torcida brasileira, com a bandeira às costas, a governanta Elma Bitencourt, 58, descendente de alemães pelo lado materno, estava desanimada.
- Futebol é técnica, não é só correr atrás da bola. E o Brasil não percebeu que não é mais o país do futebol - avaliou, enquanto seu marido , o aposentado Joaquim Haushahn Nunes, 61, declarava-se torcedor da Alemanha desde sempre, por motivos de descendência e de qualidade técnica.
Se a final for contra a Argentina, Elma diz que vai torcer para os vizinhos. Se for contra a Holanda, pela Alemanha. O mais provável, entretanto, é que os corações divididos dos moradores de Nova Petrópolis agora pendam para a terra de origem dos imigrantes que colonizaram o município.
- Eu estava torcendo para o Brasil, mas estava muito dividida. Quando deu os gols da Alemanha, me segurei, mas no final fiquei feliz. Qualquer um que ganhasse, estava bom - declarou a empresária Elaine Schenkel, 39.
Mayer, apesar da goleada de seu país contra os donos da casa, prefere ser modesto, sem dizer que seu time será campeão:
- Cada jogo é um jogo - diz, em alemão, acrescentando: - A Alemanha tem um bom técnico e bons jogadores, o time está muito bem organizado.
A torcida, domingo, seguirá sendo em Nova Petrópolis. Que, muito provavelmente, agora vestirá vermelho, preto e amarelo. Afinal, a seleção alemã já deu mostras de que tem tudo para ser o Weltmeister (campeão do mundo).