Quando tocou o hino da Alemanha, pouco antes do início do jogo, o alemão Otto Mayer, 65 anos, foi o único a ficar de pé e cantar, com a mão no coração, em meio às cerca de 150 pessoas reunidas para ver o jogo na Rua Coberta, no centro de Nova Petrópolis. No decorrer do primeiro tempo, porém, ele e seus três amigos também vindos de Mainz - Volke Wendling, 42, Oliver Seckler, 40, e Gerd Kappes, 42 - foram ganhando a companhia de outras pessoas na torcida pela seleção do país de onde vieram os imigrantes que colonizaram o pequeno município da Serra gaúcha.
>> Uma cidade verde, amarela, preta e vermelha
No primeiro gol, logo aos 10 minutos de jogo, Mayer vibrou, mas não foi só ele. Lá nas últimas fileiras de espectadores, o moveleiro Jonas Gabriel Bauer, 29 anos, também comemorou. Vestido com roupas típicas alemãs, ele não tinha dúvidas:
- Sempre torço para a Alemanha, por causa da minha descendência - explicou, em bom português, o "alemão" nascido em Nova Petrópolis mesmo.
Ao lado dele, a namorada, Rosana Sales, 36 - natural de Fortaleza, mas radicada na cidade -, fez questão de ressaltar:
- Eu torço para o Brasil.
Quem também deu pulos e gritos com os gols da Alemanha foram Leonardo Schell, 14, e Igor Zühl, 12. Sua torcida, garantem, é da Alemanha, apesar de as famílias torcerem pelo Brasil. O motivo não tem a ver com os sobrenomes, mas com uma questão técnica:
- A Seleção alemã é muito boa - diz Leonardo, acrescentando que o melhor jogador, na sua opinião é Schweinsteiger (para Igor, é Müller).
No quarto dos cinco gols da Alemanha, o empresário José Paulo Boelter, 47, tirou a bandeira do Brasil das costas e deixou à vista um agasalho preto, vermelho e amarelo.
- A gente tem de reconhecer a superioridade da Alemanha. Estamos com o coração dividido, mas se o nosso time não colabora...
Brasil x Alemanha
Primeiro tempo tem decepção, torcida e corações divididos em Nova Petrópólis
Com a rápida sucessão de gols da Alemanha, torcida para o país europeu cresce na Rua Coberta
Maristela Scheuer Deves
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