Com apenas 32 anos de idade, Mayra Ferreira tem muita história para contar. E não de modelo, como o rosto e o corpo sugerem, mas na área esportiva. Ela foi uma das primeiras mulheres (ainda criança) a praticar taekwondo no Estado e competiu em vários países, acumulando inúmeras conquistas.
O começo no esporte teve a influência do pai, Erivelto, praticante do taekwondo, no qual conquistou títulos e chegou a ser vice-presidente da federação gaúcha. Mas ela encarou um obstáculo inicial, pois o pai deixava a irmã mais velha, Lorelay, treinar e a mantinha fora. Até que um dia pediu ao professor para experimentar e... Isso aos nove anos.
Aos 11, começou a competir, e logo conquistou o primeiro título estadual, na categoria infantil. A competição foi no Ginásio Pedro Carneiro Pereira. A partir daí, não parou mais. Mas sempre, ao lado das lutas, batalhando para conseguir patrocínios e boas condições de treinos.
- Tudo isso causava muito estresse, desestruturava psicologicamente para as competições - lembra.
Erivelto sempre deu muita força, mas, pelo fato de ser dirigente da federação, em certo período, acabou criando uma dificuldade inesperada. Outras atletas, imaginando que ela recebia algum benefício, tinham um certo preconceito:
- Cheguei até a ser vaiada.
Já a mãe, Maribel, preocupada com a possibilidade de alguma lesão, preferia não acompanhar as lutas. Ficava na torcida, mas de longe, para não sofrer.
Numa das melhores fases, em 2002, Mayra ficou 20 dias na Coreia, o berço do taekwondo, onde participou de dois torneios. Em um, enfrentou a campeã olímpica. Também disputou um pré-olímpico em que ganhou mas não levou.
Quando lembra da carreira, que a levou aos Estados Unidos, China, Grécia, além da Coreia e inúmeros locais no Brasil, Mayra destaca a presença do mestre, incentivador e apoiador Te Bo Lee, de Porto Alegre. Ele foi um dos responsáveis pela sua evolução técnica.
Outra pessoa muito importante é Juliana Rossa. Parceira de competições, treinos, viagens, é como se fosse uma irmã. Mayra participou da preparação da amiga para conquistar a faixa preta. Quando a UCS montou o projeto olímpico, Juliana foi a primeira a ser contratada e logo conseguiu espaço para Mayra.
A parada das competições ocorreu no final de 2004. Mayra começou a sofrer muito com lesões e dores, em especial nos joelhos e nas costas. Até porque naquela época o material de treinos era bem diferente e provocava grande impacto.
- Tenho saudades daquele tempo. Só não tenho saudade das dores, do estresse pós-competição e da busca de patrocínio - diz, com o sorriso que é sua marca registrada.
Por onde anda
Mayra Ferreira, bela e fera do taekowndo gaúcho
Atleta deixou o tatame há 10 anos, após brilhar em competições no Brasil e Exterior
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