Com 84 anos de idade, Dino Périco é uma testemunha privilegiada da história do Caxias. Mais do que isso, participou da vida do clube, que presidiu em 1961, quando ainda era denominado Flamengo. No início dos anos 1970, ajudou na formação da Associação Caxias e, diante do afastamento do Juventude, foi um dos formuladores do estatuto do clube que hoje leva o nome da cidade.
Curiosamente, o primeiro time pelo qual Périco torceu foi o Juventude. Interno no Colégio do Carmo, ainda garoto, tinha alguns amigos que jogavam no alviverde e arrumavam ingressos para os jogos. A "conversão" ocorreu depois da volta para Pinto Bandeira, quando foi a Bento Gonçalves assistir a uma partida do Flamengo e, ao encontrar outros companheiros dos tempos de estudante, descobriu a verdadeira paixão.
Mais tarde, então dono de um escritório de contabilidade com boa clientela, a aproximação ao clube se deu especialmente por meio do dirigente Giovani Scavino. Em 1961, foi eleito presidente, numa surpresa para ele mesmo.
- Felizmente, desde o primeiro dia fui muito bem assessorado por João Prataviera e Germano Pisani, que me davam as dicas e diziam o que eu poderia fazer - lembra.
Da mesma forma como ocorreu em gestões posteriores, duas semanas depois de assumir, Périco recebeu o comunicado do cartório de uma grande dívida, que pagou tirando parte do próprio bolso e contando com a ajuda de Elias Rach para o restante. Mas houve outras, a ponto de fazer a seguinte constatação:
- As dificuldades eram grandes. Vi muita gente, nos dois lados (Flamengo/Caxias e Juventude), quebrar por causa do futebol.
Apesar disso, Périco lembra de muitas passagens e pessoas boas. Ele participou da compra do terreno aos fundos da antiga Baixada Rubra, da construção da velha arquibancada e, mais tarde, do Estádio Centenário.
Foi amigo do então zagueiro Luiz Felipe, que o convidou para ser padrinho de casamento.
- Nas viagens, ele gostava de reunir os outros jogadores e orientar sobre como deviam se comportar e guardar o dinheiro para o futuro. Era um líder - destaca.
Hoje, Périco mantém contatos frequentes com os ex-jogadores Artur, Airton e Noé. Ele lembra de uma verdadeira seleção de craques com quem trabalhou, como Rubens, Áureo, Laércio, Osmar, Hilton, Iaúca, Gaspar e muitos outros, além do técnico Sérgio Moacir Torres, que considera um dos melhores.
Ele relata histórias que renderiam muitas horas de conversa. Tanto do futebol como da própria Caxias do Sul, que viu crescer por mais de sete décadas.
Por onde anda
Dino Périco, dirigente de todas as fases do Caxias
Ex-presidente do Flamengo, ele acompanhou grande parte da história do clube
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