O Rio Grande do Sul tem fortes laços com o Uruguai. Afinal, todos são gaúchos, ou "gauchos", pela pronúncia em espanhol. Na década de 1970, muitas pessoas deixaram o país do Rio do Prata durante a ditadura militar e se espalharam pelos países vizinhos.
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Para Gabriel Peña, hoje com 36 anos, o Brasil entrou na sua vida bem depois. Seu pai, um exilado político da ditadura, se mudou com a família para o México, quando Gabriel tinha seis meses de vida. Mas foi aqui, em Caxias do Sul, que ele encontrou emprego e passou a viver. Só um terremoto foi capaz de trazer a família de volta à terra natal.
Há 12 anos na Cidade do México, o jovem ficou traumatizado ao saber que sua escola havia ficado destruída. Não conseguia mais continuar lá. Com dificuldades de encontrar oportunidades de trabalho no Uruguai, decidiu que viria ao Brasil para se empregar. Era o ano de 2001:
- Lá não tem trabalho. Procurei por cidades com alto desenvolvimento industrial e descobri que Caxias do Sul é um dos maiores polos industriais do Brasil.
Chegando aqui, admite que não sabia nada do país vizinho. Mal compreendia a língua portuguesa, quanto mais os costumes da população.
- Não sabia nada de português. Quando cheguei, vim com três amigos. No primeiro dia, queríamos beber e fomos andando pela rua até encontrar um bar. Encontramos um lugar chamado borracharia. Pensamos: é aqui que vamos nos "emborrachar", que significa ficar embriago em espanhol - diz, aos risos.
Apesar de estar em Caxias do Sul há mais de 10 anos, mantém um sotaque castelhano carregado e prefere seguir uruguaio do que se naturalizar. Proprietário da GFP Representações, empresa que fornece insumos para a construção civil, está casado, estabelecido e mantém fortes vínculos com a cidade:
- Sou papo doente. Tenho até cadeira no Jaconi.
Sobre o amistoso do Juventude contra o Nacional de Montevidéu, diz estar dividido:
- No Uruguai, sou Peñarol, mas no jogo do Ju contra o Nacional, vou torcer pelo meu país.
Fanático por futebol, Gabriel guarda na memória um momento em que pôde jantar com os campeões de 1950 no Brasil.
- Eu trabalhava numa editora em Montevidéu, no lançamento de um livro sobre a história da final da Copa de 1950. Ouvi dizer que depois do título, os jogadores foram comemorar em um prostíbulo. E quem os levou foi o Barbosa, o goleiro do Brasil - conta.
Gabriel confia mais na Espanha para a Copa das Confederações, mas caso Brasil e Uruguai se enfrentem na final, o pedido já está feito:
- Ia querer um outro Maracanazzo, mas na Copa do Mundo.
Uruguai
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