Tudo bem, o Brasil jogou bem, mostrou evolução em relação a si mesmo nesta Copa, teve uma atuação defensiva espetacular, sempre com no mínimo cinco jogadores atrás da linha da bola a impedir qualquer contra-ataque, Kaká parece ter começado a engrenar, Luís Fabiano desencantou e por aí vão os motivos para um justificado otimismo.
A Seleção Brasileira venceu com justiça e absoluta autoridade técnica e tática a Costa do Marfim, o adversário mais difícil desta primeira fase.
Mas isso não invalida uma constatação: nenhum outro país é tão beneficiado por erros de arbitragem em Mundiais como o Brasil.
O golaço de Luís Fabiano foi ilegal. Dominou a bola com a mão duas vezes. E não foi involuntariamente, como ele disse depois do jogo. Foi de propósito.
Sem a ajuda do braço direito, não haveria como dominar a bola após o balãozinho no zagueiro. Muito menos chutar e fazer o gol.
O jogo estava 1 a 0 para o Brasil. A partir daí, a Costa do Marfim se entregou e começou a distribuir pancadas diante da omissão irresponsável do juiz, mais um fiasco francês para além do barraco que tomou conta dos Les Bleu à beira da eliminação no Grupo A.
Sem o gol de Luís Fabiano, aí que está o xis da questão, tudo poderia ter sido diferente.
O árbitro tinha obrigação de expulsar um punhado de marfinenses por violência explícita, é verdade, e nisso o Brasil teve prejuízo flagrante de arbitragem.
Mas o erro no gol é fatal. Não tem volta. E este erro foi contra a Costa do Marfim.
Em 1986, Sócrates chutou de fora da área, a bola bateu no travessão, caiu meio metro distante da risca e o juiz deu gol.
Antes, em 1962, contra a mesma Fúria Roja que nunca faz jus ao apelido, Nilton Santos derrubou o espanhol sobre a linha da grande área, deu um passo à frente e se safou do pênalti.
Em 2002, talvez (eu disse ''talvez''), o Penta não viesse sem a mão amiga do árbitro. Tanto naquele pênalti em Luisão contra a Turquia quanto no gol de Wilmots, da Bélgica, nas oitavas de final. O belga subiu e cabeceou sem encostar em ninguém e o apito salvador salvou a pátria.
Lembro apenas de um erro grave contra o Brasil em Copas: em 1978, logo na estreia, o Brasil venceria a Suécia por 1 a 0 se o árbitro não tivesse a ideia lunática de encerrar o jogo durante uma cobrança de escanteio, com a bola no ar, invalidando um gol de Zico.
Contra a Seleção Brasileira, uma potência no futebol, no talento e nos milhões de euros que movimenta, os árbitros erram menos.
É um fato.
Não dá para reclamar quando é contra e calar quando é a favor.
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Brasil, o campeão em ajuda da arbitragem
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