
O sábado (22) é de oportunidade para quem deseja entrar ou se recolocar no mercado formal de trabalho em Caxias do Sul. Promovida na prefeitura, a segunda edição do Feirão de Empregos oferece um painel com mais de 1 mil oportunidades.
São cerca de 30 empresas realizando entrevistas no andar superior do centro administrativo e outras 14 que não puderam comparecer, mas receberão os candidatos posteriormente. Há fila constante na porta principal, mas o atendimento flui rápido e de forma organizada. São cerca de 20 pessoa atuando na organização.
Quem já saiu empregada do feirão foi a moradora do bairro Fátima, Tatiana Suelos da Silva, 36 anos. Desempregada há cerca de um mês e mãe de três filhos, ela se emocionou ao garantir uma recolocação em uma vaga de operadora de acabamentos. A próxima etapa é realizar os exames e entregar a documentação para começar no novo emprego.
— Eu sempre digo nas entrevistas que quando temos quem dependa de nós, não ficamos escolhendo muito. Não importa quantas filas têm que enfrentar ou quantas entrevistas têm que fazer. Traz um alívio estar empregada, porque todo mês terá aquele valor, independente de quanto seja para eu poder me virar — desabafa Tatiana.

Com outro perfil e outros objetivos, o aposentado Marco Aurélio Martins Marques, 64, realizou uma entrevista neste sábado para a função de vigia em uma rede de mercados e recebeu o direcionamento para outra, no almoxarifado. Ele conta que mesmo com uma renda garantida há cinco anos, não abre mão de estar ocupado.

— Eu gosto de estar lidando, não paro quieto. E eu nasci no 1º de maio, Dia do Trabalhador, é uma coisa que está no sangue. Eu entro em uma empresa e não faço só o meu serviço, procuro ajudar os outros — comenta o candidato.
Também em busca de uma nova oportunidade, Luana Rodrigues de Oliveira, 20, realizou duas entrevistas no sábado e, agora, se mantém confiante e na torcida para estar novamente empregada.
— Fui desligada mês passado, mas não gosto de ficar parada, sem emprego. E eu tenho um filho, que é a minha maior motivação. Vim em busca de vagas em vendas e na parte administrativa, que tenho cursos. Estou bem confiante no meu potencial, sei da minha qualidade e do meu desenvolvimento — relata.
O feirão é promovido pela prefeitura de Caxias do Sul, Conselho Municipal de Trabalho, Emprego e Renda e FGTAS/Sine. A iniciativa segue até as 16h, no centro administrativo.
Dificuldade em atrair e reter mão de obra
A percepção de que está mais difícil atrair e reter mão de obra e, por isso, há vagas em número considerável no RS, é uma opinião não só de empresários gaúchos como também do diretor-presidente da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS), José Scorsatto. Ele acompanhou o feirão de Caxias do Sul neste sábado.
Como solução, Scorsatto entende que é preciso repensar fatores como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e o tempo de oferta e o formato de programas sociais como o Bolsa Família.
— A CLT precisa ser reformulada. Eu sei que é um tema bem polêmico, mas nós temos que discuti-lo. Imagina os jovem que têm 18, 19 anos hoje e não veem perspectiva nenhuma na previdência, em ter a sua aposentadoria, em ter uma garantia, um dinheiro no futuro quando ele não conseguir mais desempenhar as suas funções. Então, tendo em vista que para quem paga é bastante e para quem recebe é pouco, o jovem atualmente prefere o PJ (pessoa jurídica), prefere a MEI (microempreendedor individual) ou até o serviço informal — analisa.
Para o prefeito de Caxias do Sul, Adiló Didomenico, ter um emprego formal, com carteira assinada, significa ter garantias, não só de uma renda, como também em situações de doença e, em casos mais graves, de acidentes de trabalho.
— O emprego formal é uma garantia para os dois lados: tanto para o empregador quanto para o empregado. Queremos que as pessoas estejam colocadas e com renda garantida. É isso que a gente busca através de mutirões como esse — aponta.