Comparar preços para fazer a melhor escolha na hora da compra é uma prática que faz parte da vida de quem busca otimizar a renda que possui em relação àquilo que precisa ou deseja adquirir. Com ajuda da tecnologia, as facilidades estão cada dia mais ao alcance das mãos e, as melhores opções para o bolso podem estar dentro dele mesmo, em um aplicativo no celular. São inúmeras as opções disponíveis para facilitar a pesquisa e, uma delas, leva no nome o serviço que propõe. É o aplicativo Menor Preço - Nota Gaúcha, disponibilizado pelo governo do Estado, que permite a visualização, em tempo real, de preços praticados na cidade ou até um raio de 30km. A pesquisa do produto mostra o valor real de venda, já que ele é interligado com as notas emitidas por estabelecimentos como supermercados, farmácias e postos de combustíveis, enfim, todo o comércio.
Toda semana, antes de abastecer o carro, Daniele dos Santos Barboza, 26, confere como estão os preços praticados nos postos de gasolina de Caxias do Sul. Pela tela do celular ela tem acesso à base de dados alimentada com informações enviadas em tempo real ao sistema da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz). Isso acontece toda vez que um consumidor faz uma compra e solicita a inclusão do CPF na nota em algum dos 300 mil estabelecimentos físicos cadastrados.
A ferramenta permite que Daniele filtre os estabelecimentos mais próximos, o que pode incluir aqueles que ficam no trajeto que percorre de carro diariamente para ir de casa, no bairro Santa Corona, até o Centro, onde trabalha como balconista de farmácia. Isso porque o Menor Preço possibilita direcionar a pesquisa de produto dentro de uma distância que varia de um até 30 quilômetros da localização onde o consumidor se encontre. Também é possível fazer a pesquisa por data aproximada — o filtro permite escolher a pesquisa de vendas feitas apenas no dia ou até os últimos sete dias.
— Eu consulto pra ver como estão os preços, principalmente nos (postos) que meu marido e eu já costumamos abastecer, mas se tiver algum outro mais barato, dependendo da distância, a gente vai — relata.
A praticidade do comparativo à distância com apenas um toque também tem servido aos clientes adeptos à boa e velha pechincha. Em uma farmácia da Avenida Júlio de Castilhos, na área central da cidade, a gerente Lilian Castanha da Silva diz que, mesmo se o preço praticado pelo estabelecimento onde trabalha naquele momento não seja o menor encontrado, a clientela se utiliza do aplicativo pra mostrar os preços mais baixos da concorrência e tentar conseguir um desconto.
— Alguns chegam com o celular em mãos, pedindo se a gente pode bater o preço. Sempre tentamos fazer, dentro do que está ao nosso alcance — afirma Lilian, que vivencia este tipo de situação sobretudo nas compras de medicamentos de procura, segundo ela, recorrente, como antidepressivos e anti-hipertensivos.
No menu do aplicativo, o consumidor pode procurar produtos pelo nome ou pesquisar utilizando o código de barras do produto desejado — o app tem um leitor de código de barras. Tanto para combustíveis, quanto para outros produtos, a ferramenta dá acesso ao preço vendido pelas notas fiscais emitidas por estabelecimentos até uma semana antes, o que também permite a observação de diferenças entre produtos de um mesmo estabelecimento.
Para o coordenador do Procon de Caxias do Sul, Jair Zauza, a opção pode ser uma boa forma de prevenção a falsas promoções em períodos como os de Black Friday, que já mobilizam o comércio local.
— É um bom momento pro consumidor observar e comparar, para saber se não está sendo enganado. Após a data costumamos receber uma série de denúncias que, por vezes, não têm provas, com prints de tela ou folhetos — diz Zauza, relatando que o próprio Procon já se mobiliza desde setembro, juntando material de lojas para comparativo com o período promocional, que se concentra, principalmente, na última semana deste mês.
Ele afirma que, no ano passado, este tipo de conduta ilegal resultou em multa a uma loja de eletrodomésticos de Caxias do Sul que estava anunciando promoção de ar-condicionado split com preço 20% acima do apresentado nas semanas anteriores, sem o desconto. Qualquer suspeita de fraude pode ser diretamente reportada ao Procon pelo telefone 151, ou em formulário disponível no site da prefeitura.
Ainda sobre o Menor Preço, Zauza destaca a importância da ferramenta que permite o acesso aos preços de estabelecimentos da cidade.
— Há outros aplicativos que comparam preços de produtos em sites de compras, de redes nacionais, mas este é útil para quem também quer comprar na cidade. Uma ótima ferramenta e de fácil acesso — completa.
O Pioneiro fez uma simulação de pesquisa de um remédio chamado Ancoron, de 200mg, que é vendido sob prescrição médica com a finalidade de regular os batimentos cardíacos para evitar arritmias. No dia 17 de novembro, às 17h35min, a pesquisa apontou R$ 38,79, como o valor mais barato, e o preço chegava a até R$ 51,05, no estabelecimento onde era vendido com o preço mais alto, ou seja, 31,06% mais caro do que a primeira opção.
O Pioneiro também fez uma pesquisa de simulação de preços da gasolina comum, na mesma data e horário anterior. O valor mais barato encontrado foi de R$ 4,99, enquanto que o mais alto estava em R$ 5,15.
O app Menor Preço também pode ser usado para quem quer saber em que estabelecimento há um determinado produto. Normalmente, a pessoa bate perna para procurar onde vende de loja em loja. O app permite pesquisar onde o respectivo produto foi vendido. Por exemplo, a pessoa quer um determinado arroz integral e orgânico de uma respectiva marca. Basta digitar as as palavras-chave e o app vai mostrar onde foi vendido recentemente e o valor.
No caso dos remédios, onde os valores têm variações muito grandes de uma farmácia e outra, uma dica é sempre guardar o código de barras de quem usa medicamentos contínuos. E sempre que precisar comprar usar o leitor óptico do app no código de barras para fazer a pesquisa.
A pesquisa também permite que o usuário veja o endereço do estabelecimento que vendeu. Clicando sobre o respectivo preço que mais agradou, abrirá uma nova página em que aparece o endereço, o telefone e um botão para o navegador de internet, em que abrirá o aplicativo de GPS com destino programado para o endereço do estabelecimento.
Também há a opção para ver o história de preços do mesmo produto no estabelecimento. E permite compartilhar a pesquisa.
Como usar o app
- Para pesquisar no app, o usuário precisa ter uma conta no programa Nota Fiscal Gaúcha. O cadastro é feito neste site da Secretaria da Fazenda.
- Baixe o aplicativo Menor Preço Nota Gaúcha, disponível nas plataformas Android e iOS. Cuide para baixar o aplicativo Menor Preço RS, porque vários estados têm o respectivo app.
- Abra o aplicativo e faça o login.
- Faça sua busca pelo produto que você deseja pesquisar por meio de descrição (palavra-chave), marca ou código de barras.
- Use os filtros para definir raio de pesquisa de um a 30 quilômetros e para definir preços divulgados há sete dias ou menos.
- A localização do usuário será usada para encontrar os menores preços nos estabelecimentos mais próximos.
- No caso de pesquisas de combustíveis, pode haver uma pegadinha, pois muitos estabelecimentos trabalham com cadastro e dão descontos, como para quem trabalha como motorista de aplicativo. Então o preço mais baixo pode ser para quem está cadastrado.
- Outro fator que pode influenciar é que, eventualmente, alguma farmácia, por exemplo, tem promoções para um determinado remédio que sai por um valor se for comprado junto a outro medicamento do mesmo laboratório. Neste caso, o valor que aparece na pesquisa é para o preço que ele foi vendido em virtude do combo. Mas se comprado individualmente, é outro preço.
- E tem os programas de fidelidade, que também podem interferir no preço final.
Vantagens da cidadania fiscal
O Menor Preço está associado ao programa Nota Fiscal Gaúcha, que incentiva o exercício da cidadania fiscal por meio de prêmios em dinheiro — em âmbito estadual e municipal —, de até R$ 50 mil, e outras vantagens, como desconto no Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) aos consumidores que informam o CPF nas compras realizadas. Para participar do programa, é preciso realizar um cadastro online. Cada R$ 1 em compras equivale a um ponto; e cada 100 pontos acumulados são convertidos em um cupom para os sorteios mensais.
Rejane Jadisqke Jesse, 27, foi uma das contempladas de outubro no município onde reside, Flores da Cunha. As compras realizadas por lá, assim como ocorre no sorteio estadual, somaram pontos que foram revertidos em cupons para o sorteio que contempla três pessoas do município por mês com o valor de R$ 250.
— Fiz o cadastro há mais de um ano e comecei a acompanhar mais de perto desde que comprei um carro, por causa do desconto no IPVA — conta a analista de suporte, que pela primeira vez foi contemplada no programa.
— Minhas amigas começaram a me mandar mensagem com a publicação da prefeitura, brincando que eu iria pagar uma janta. Acabei aproveitando o valor pra ir à praia no feriadão. Foi bem bacana, é algo que a gente não espera. Fiquei feliz e até motivada pra continuar usando o CPF nas compras — disse Rejane.
Cada cidade estipula os valores oferecidos em âmnbito local, a partir de uma adesão opcional ao programa. Caxias do Sul, por exemplo, não tem sorteios locais. Farroupilha, aderiu em 2016 e, desde então, realiza sorteios que hoje chegam a premiar moradores com até R$ 550.
— A gente vem trabalhando forte pra aumentar nossa arrecadação e, quanto mais notas são emitidas na cidade, maior também é o percentual que retorna para o município na arrecadação do ICMS. O programa é uma forma de combate à sonegação, incentiva tanto os consumidores quanto as empresas a trabalharem certo — observa o secretário municipal de Finanças de Farroupilha, Plínio Balbinot.
Facilidade e economia via app
Antes de ir ao supermercado, o casal de aposentados Rosmar Luis Mesquita, 60, e Ana Maria Isotton Mesquita, 58, sempre faz questão de conferir como estão os preços e, sobretudo, as promoções disponíveis em cada estabelecimento. Para isso, eles contam com a facilidade do aplicativo disponibilizado por uma das redes onde compram, a Andreazza. Além de manter os clientes informados, a ferramenta garante que, por meio do CPF, ele tenha acesso a ofertas exclusivas.
— Nós dois baixamos, há mais de um ano, pra aproveitar as promoções quando viemos comprar. Café, arroz, açúcar, azeite, fruta, verdura... A gente vem conforme precisa e vai aproveitando — afirma Ana Maria.
— Chega no fim da compra dá, em média de R$ 14 a R$ 15 de economia — comenta o marido dela.
Jeison Silva, gerente da unidade Ópera, onde o casal costuma comprar seus mantimentos, conta que o catálogo completo dos produtos disponíveis na rede do supermercado, assim como os respectivos preços, sempre atualizados, foi recentemente incluído no aplicativo, a partir de uma demanda dos clientes. São mais de 350 mil pessoas cadastradas.
— A gente teve atualiza nos últimos dias, então ele ficou bem funcional. Com celular na mão o cliente consegue ver o preço de todo mix, além de ver o desconto que é o que garante essa fidelização, porque tem produtos que ficam praticamente a metade do preço — afirma o gerente.
Ele explica que, além do encarte quinzenal, que inclui cerca de 200 ofertas para o público em geral, o cadastro no aplicativo possibilita ao cliente o acesso aos itens que, semanalmente, são colocados em promoção exclusiva. São 40 a 60 produtos disponíveis na compra presencial. Para compras online no Andreazza, o cliente precisa procurar plataformas como I Food e sitemercado.com.br.
Uma questão de acessibilidade
Pra quem nasce em um contexto amplamente digitalizado, usufruir da facilidade que incontáveis aplicativos oferecem, é algo natural. Mas, para a população idosa, que hoje representa 14,7% da população brasileira, a acessibilidade exige alguns passos a mais.
É por isso que tecnologias digitais compõem a grade de conteúdo oferecida aos alunos do UCS Sênior, programa da Universidade de Caxias do Sul voltado ao público idoso. O uso de aplicativos é um dos temas amplamente abordados.
— Costumo dizer a eles que a tecnologia é um caminho sem volta. Tudo hoje é feito por aplicativo. Começamos com uma alfabetização digital e vamos ensinando a baixar e utilizar aplicativos de redes sociais, carro, mapas e bancos, por exemplo — explica a professora Andréia Carla Velho Witt.
— É uma forma de se sentirem incluídos, ficarem atentos a golpes e fake news e de terem autonomia na vida deles — completa.
