
Com situação de emergência devido à estiagem reconhecida pelo governo federal, prefeitura e produtores rurais de Caxias do Sul buscam alternativas para amenizar os impactos causados pela seca. A cadeia de prejuízos, segundo análise da Secretaria Municipal da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SMAPA), inicia na terra e finaliza na mesa do consumidor, que também já vem sendo prejudicado com a situação.
Quando a situação de emergência foi decretada, em 7 de janeiro deste ano, um levantamento do Executivo municipal apontou perdas econômicas no valor de R$ 131,2 milhões, além da perda de quase 69 mil toneladas de diferentes culturas, além de produção leiteira. De acordo com o titular da pasta, Rudimar Menegotto, um novo levantamento não foi feito desde então. O governo estadual homologou a situação em 19 de janeiro e, o governo federal, em 9 de fevereiro.
— A gente estava aguardando isso com uma certa ansiedade, fizemos todo um trabalho de levantamento e estávamos ansiosos até para que acontecesse em virtude dos prejuízos levantados. A gente recebe ligações praticamente todos os dias de problema de falta de água, para consumo humano, para os animais, são muitas dificuldades. Acho que é importante todo esse trabalho que foi feito — analisa o secretário.
Menegotto explica que quando o município decreta a emergência, o produtor pode solicitar, em sua rede bancária, o parcelamento ou a prorrogação de suas dívidas, de suas parcelas com seus financiamentos agrícolas. Já quando há a homologação e reconhecimento, os auxílios se ampliam a programas governamentais para a agricultura, principalmente familiar. É o caso do programa Troca-Troca de Sementes de Milho e Sorgo.
— O produtor pega a semente do milho, faz o plantio e depois paga quando ocorre a safra. Em situação como vivemos agora, o que acontece: esses produtores, possivelmente, terão anistia (do pagamento) — informa o titular da SMAPA. No início deste ano, o governo do Estado afirmou que será analisado até abril para poder orçar o valor total que será destinado para o subsídio.

Em relação à atualização mais recente, Menegotto destaca que só será feita após o término da safra para poder calcular o prejuízo de fato. Ele acrescenta que, apesar das últimas semanas terem registrado chuvas, elas acabam sendo irregulares, típicas da estação e não resolvem o problema da seca.
— Em algumas culturas a gente sabe que, uma é certo que é a maçã, também muito expressiva aqui em Caxias, aonde com certeza aumentou os prejuízos em função da seca. Muitos não tinham mais água para irrigação e acabaram não fazendo novos plantios. Mal tinham como manter aquelas culturas de áreas plantadas. Possivelmente teremos impacto na oferta e, consequentemente, no valor — adianta o secretário.
Busca por soluções para amenizar a situação
Conforme a prefeitura, ações como a proteção de fontes de água e a limpeza de bebedouros para animais vêm sendo feitas nas últimas semanas. Uma última divulgação do Executivo municipal aponta mais de 90 ações nos distritos de Criúva, Vila Seca e Santa Lúcia do Piaí. Junto à SMAPA, o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) vem atuando para garantir o fornecimento de água para consumo humano.
— A gente está fazendo o possível para amenizar, não tem como nesse momento buscar armazenar água porque muitas nascentes secaram e os açudes e reservatórios estão baixos ou basicamente secos. A nossa força-tarefa que está sendo feita é mais na questão da preservação das nascentes, na questão dos bebedouros para os animais que isso está tendo uma demanda cada vez maior — compartilha Rudimar Menegotto.
Uma força-tarefa também está sendo feita pelo governo do Estado. Diversas ações foram divulgadas durante esta última semana, como a construção de miniaçudes e um estudo de viabilidade de um auxílio emergencial para os produtores rurais. De acordo com a SMAPA, Caxias terá dez açudes construídos, por meio do Avançar na Agropecuária e no Desenvolvimento Rural.
— Para Caxias são importantes, mas a necessidade seria maior. A gente tem essa solicitação agilizada em função do decreto reconhecido. Mas sobre a questão do auxílio emergencial, a gente não tem ainda informações de como vai ser. Não temos ainda muitas informações de como vai ser, mas logo a Emater vai estar responsável por esses projetos e aí teremos informações mais detalhadas — acredita Menegotto.
Até o final da tarde desta sexta-feira (11), além de Caxias, outras 372 cidades gaúchas tiveram seus decretos de situação de emergência homologados. A força-tarefa terá duração de 180 dias e será composta por representantes do Gabinete do Governador, da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Procuradoria-Geral do Estado, Casa Militar, Secretaria da Fazenda (Sefaz) e Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema). Sua coordenação ficará a cargo da secretária da Agricultura, Silvana Covatti.