Embora as duas maiores empresas da região, Randon e Marcopolo, retomem as atividades somente a partir da próxima semana, a autorização para a volta dos trabalhos na construção civil e na indústria foi o tiro de largada para a retomada gradativa de parte dos setores que mais empregam na Serra.
As medidas de reabertura de atividades fabris e de construção civil se aplicam a mais de 5 mil empresas, que abrangem em torno de 75 mil trabalhadores na Serra, entre os setores metalmecânico, moveleiro, indústria do plástico e construção civil.
Por ora, alcançam um número menor de trabalhadores devido, a férias coletivas e ao percentual estipulado em decreto para o retorno. Ontem, o aumento do movimento de carros nas perimetrais e rodovias de Caxias do Sul dava a impressão de um leve retorno.
Segundo o diretor-geral da Secretaria de Urbanismo de Caxias, Rodrigo Lazarotto, o momento é de compreensão para os trabalhadores e empreendedores que ainda não foram autorizados a retomar o seu trabalho e de cautela e cuidados redobrados a quem voltou a cumprir expediente.
— Estamos com 14 fiscais na rua. Impossível atender toda a demanda, por isso é importante que as pessoas entendam que as medidas estão sendo tomadas visando à saúde delas. Se liberar tudo, vai acontecer aqui o que ocorre no resto do mundo. É preciso entender que as pessoas só serão liberadas quando houver estrutura para os hospitais comportarem um possível aumento da demanda — reitera Lazarotto.
Os segmentos abrangidos pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs) compreendem 3,3 mil empresas em 17 municípios da Serra. Ao todo, 52 mil trabalhadores atuam nessas áreas, sendo em torno de 38 mil em Caxias do Sul.
Entre Marcopolo e Randon, são em torno de 16,5 mil pessoas que atuam nas unidades de Caxias e permanecem de férias — 25% do quadro de pessoal de cada deve voltar às fábricas na próxima segunda-feira (13). Além desse contingente significativo ainda não reposto na produção, a própria inatividade das duas companhias reduz o número de empresas operando na cidade.
— Algumas adiaram a volta porque produzem para Marcopolo e Randon e, por isso, devem retomar as atividades também só na próxima semana. Eu diria que menos de 25% da indústria voltou — acredita Gelson de Oliveira, presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho (Simplás).
Considerando que a construção civil também esteve impedida da retomada plena em razão do mau tempo, a movimentação percebida nesta segunda-feira foi um mero ensaio para o aumento gradativo que deve ocorrer nos próximos dias.
FÉRIAS COLETIVAS
Além de Randon e Marcopolo, outras empresas de grande porte da região, como Tramontina, Grendene, Soprano e Bertolini, permanecem em férias coletivas (parte em regime home-office) até a próxima segunda.
Cabe ressaltar que a capacidade permitida de retomada é definida por decreto de cada município. Caxias do Sul, por exemplo, autoriza 25% do pessoal, enquanto Bento não definiu percentual, porém, reitera resguardo de profissionais que se enquadrem em grupos de risco e idosos.