As mais de 380 horas de frio (temperatura abaixo de 7,2ºC) registradas na Serra Gaúcha nos últimos quatro meses prometem garantir uma safra da uva de alta produtividade. Se nenhuma geada tardia chegar ou a chuva de granizo, a colheita promete ser recorde.
Cada variedade de uva precisa de um número mínimo de horas de frio. Quanto mais precoces, menor é a necessidade de frio. A Niágara, por exemplo, uma das primeiras a ser colhida, precisa de, no mínimo, 100 horas. No entanto, Moscato e Cabernet, geralmente colhidas em fevereiro, necessitam de 400 horas (ver quadro).
O engenheiro agrônomo da Emater Regional de Caxias do Sul Ênio Todeschini assegura que as baixas temperaturas já registradas na Serra garantem uma safra de boa qualidade.
Outro fator de extrema importância, informa, foi a "qualidade" do frio. Sem altos picos de calor, as videiras não esboçaram brotação antecipada e isso fortaleceu a planta e reduziu a chance das folhas serem queimadas por possíveis geadas.
El nino
O cenário para os próximos três meses também é animador. Segundo o boletim do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) há previsão da chegada de um el nino em setembro, mas de fraca intensidade.
O pesquisador da Embrapa Uva e Vinho Henrique Pessoa dos Santos sinaliza que as temperaturas mínimas e as chuvas serão acima do normal. Isso indica que não deve haver geadas fortes no período até novembro.
Pessoa alerta, no entanto, que o excesso de chuvas pode prejudicar a floração.
— A umidade pode comprometer a qualidade da fruta — explica.
Quantas horas de frio cada variedade precisa
Niágara (entre 100 e 200 horas)
Isabel (200 e 300)
Bordô (100 e 200)
Lorena (200 e 300)
Merlot (300 e 400)
Moscato (300 e 400)
Cabernet (300 e 400)
Fonte: Emater