Se a colheita da uva acontecesse esta semana, os produtores certamente estariam comemorando. As mais de 380 horas de frio (temperatura abaixo de 7,2ºC) registradas na Serra nos últimos quatro meses asseguram uma safra de alta produtividade. A garantia é de especialistas em agricultura.
O engenheiro agrônomo da Emater Regional de Caxias do Sul Ênio Todeschini reitera que as baixas temperaturas registradas na Serra este ano já foram suficientes para que as videiras tenham uma excelente floração. O pesquisador da Embrapa Uva e Vinho Henrique Pessoa dos Santos compartilha da mesma opinião.
— O atraso na brotação desta safra é de 30 dias. É um fator positivo, pois mantém a planta dormente por mais tempo e tem menor risco de ser prejudicada pelas geadas — informa Pessoa.
A expectativa de uma boa safra também é da família Bampi. Há dois meses, Renato Bampi, 63 anos, e o filho Anderson trabalham na poda das videiras para assegurar uma brotação uniforme e no tempo certo. Foi preciso contratar dois funcionários para dar conta do trabalho.
Em cerca de 30 dias, as folhas verdes devem estar dominado as parreiras e, a partir daí, começa a torcida para que nenhuma intempérie aconteça. O maior medo dos agricultores é com a chuva de granizo, longos períodos de seca e as geadas tardias. Em 2015, uma forte geada que chegou na primeira quinzena de setembro, reduziu a produção de uva na Serra em quase 70%.
— Dependemos de um leque de problemas relacionados ao clima. Por enquanto, ele (o tempo) está se comportando —sinaliza Anderson.
“Um vício”
A família Bampi cultiva oito hectares de parreirais na localidade de Santos Anjos, interior de Caxias. Já cultivaram 10 hectares. Há dois anos, um desmoronamento de terra soterrou uma área de dois hectares. Por conta disso, resolveram diversificar as culturas e passaram a produzir também bergamota e caqui.
— Não dá para depender só da uva, pois o preço mínimo está baixo — diz Renato.
Na última safra, o valor mínimo fixado pelo governo foi de R$ 0,92 o quilo. A família Bampi, no entanto, não pretende desistir dos parreirais. A herança de cultivar uva está na quarta geração.
— É um vício. Somos teimosos — declara o pai.
Na última safra, colheram 200 toneladas. A previsão este ano é de manter a quantidade.
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