Depois de impactar nas lavouras da Serra, a chuvarada registrada nas últimas semanas vem refletindo agora no bolso do consumidor. A produção das hortaliças folhosas (como alface e chicória) foi a mais atingida pelo excesso de precipitações e também pelas inundações causadas pela alta do Rio Caí. O resultado disso é menos oferta no mercado e, por consequência, elevação de preços. A alface, de uma semana para outra, subiu 100%, apontam dados da Ceasa/Serra.
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Conforme o levantamento, no dia 18 deste mês a unidade do produto custava R$ 0,50. Já na última semana, o valor pulou para R$ 1. A chicória teve alta semelhante, de 86,5%, pulando de R$ 0,67 para R$ 1,25.
– O preço normal da alface é R$ 0,80, R$ 0,90 por unidade, então R$ 1 não é nenhum absurdo. Antes é que estava muito barata, pois estava com muita oferta. O problema é que alguns supermercados aproveitaram essa alta e estão vendendo a unidade a mais de R$ 3 e, nesses casos, realmente é um valor expressivo – analisa o gerente-técnico operacional da Ceasa/Serra, Antonio Garbin.
Na tarde de ontem, os produtores da Ceasa estavam vendendo a caixa de alface (com 12 unidades) por R$ 15. Isso indica que a média do produto deve subir mais um pouco nessa semana, chegando a R$ 1,25.
Na propriedade de Eleda e Anselmo Hansen, em Bom Princípio, boa parte da produção foi perdida com a alta do Rio Caí. O que sobrou estava sendo comercializado pelo casal ontem, na Ceasa:
– Salvamos o que plantamos na parte alta da propriedade. Na parte baixa, perdemos tudo pro rio. A gente já planta uma parte na região mais alta porque sabemos desse risco – conta Anselmo.
Para não depender do clima, a agricultora Janete Andriguetti, de São Marcos, produz alfaces hidropônicas. O restante da produção – que conta com itens como radicci e rúcula – também é cultivada em estufas:
– Essa chuvarada ao menos diminuiu a oferta, o que é positivo, porque essa crise diminuiu o consumo das pessoas em mais de 50%. Estava sobrando muito alimento. Antes, a gente estava praticamente dando alface. Está bem complicado – relata Janete.
A alta nas hortaliças folhosas, avalia Eduardo Luis Slomp, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de Caxias do Sul (Sindigêneros), não deve persistir por muito tempo. O dirigente comenta que o abastecimento ontem já aparentava estar mais normalizado do que na última semana:
– Historicamente, os reflexos de chuva não duram muito tempo. Os impactos da seca, que ocorrem no verão, costumam ser mais longos – antecipa.
A previsão do monitoramento climático da Rio Grande Energia (RGE) é de que novembro será marcado por temporais e grandes volumes de chuva.
Frio prejudicou morango
Além das hortaliças folhosas, a bergamota e o morango registraram altas consideráveis na última semana. Segundo o gerente-técnico operacional da Ceasa/Serra, Antonio Garbin, a entressafra explica a alta de 50% da bergamota:
– Como a oferta do produto vem diminuindo aqui com o fim da safra, a bergamota começa a vir de outros Estados. Isso encarece o valor – conta.
Já no caso do morango, a elevação decorre da diminuição da oferta do produto. O que gerou a escassez no mercado foi o frio, que retardou o amadurecimento da fruta.
– Esperamos que isso se resolva a partir de agora, já que o calor voltou – analisa Garbin.
Seu bolso
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Ana Demoliner
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