Em meio a um cenário de escassez de oportunidades no mercado, o trabalhador vem aprendendo a se reinventar. Entre 2015 e 2016, passou de 63% para 69% o número de profissionais que enviam currículo para vagas dentro e fora do seu ramo de atuação original, aponta uma pesquisa da Catho, site líder em empregos no Brasil. Nessa mesma linha, caiu de 28% para 20% o percentual de trabalhadores que aceitam vagas somente dentro de sua área.
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A crise econômica, claro, é o principal motivo para essa mudança de comportamento – embora não seja o único. Diante de tanta competitividade e baixa demanda de mão de obra, muitos profissionais buscam outros meios para driblar a falta de vagas. E é aí que entra a disponibilidade de realizar outras atividades:
– As alternativas encontradas vão desde atividades autônomas até a recolocação em um segmento que nada tem a ver com a carreira do profissional. Em todo caso, isso não significa que seja uma decisão definitiva, muito pelo contrário. Por ser uma medida alternativa, espera-se que após a retomada da economia, muitos profissionais voltem às suas áreas de formação e carreira – analisa Carla Carvalho, assessora de carreira da Catho.
Além da necessidade, existem muitos casos de troca de ramo por vocação ou vontade de desbravar o mercado. Especialmente as pessoas mais jovens buscam cada vez mais uma realização profissional plena (e não apenas um bom retorno financeiro), analisa Sarajane Lima de Oliveira, professora da área da Psicologia do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG):
– Foi-se o tempo em que a empresa controlava a carreira dos funcionários. Agora, as pessoas é que estão controlando a própria carreira. Os jovens de agora, em geral, são menos acomodados e movidos a desafios. Eles querem trabalhar em algo que faça sentido para eles.
Apesar dessa "reinvenção" profissional estar ocorrendo, em muitos casos, por necessidade, Sarajane reforça que o movimento é positivo. Olhar para si e avaliar quais são as potencialidades que podem ser trabalhadas é uma atividade que deve ser feita independentemente do cenário econômico.
– O sucesso de hoje nunca garantiu o sucesso de amanhã. A gente fala muito que as empresas devem diversificam a área de atuação e ampliar as estratégias. Por que não falamos isso das pessoas? Nós somos nossas próprias empresas e é saudável sair da área de conforto quando possível – ensina.
Profissionais da indústria tentam outros ramos
Em Caxias, a migração maior de área de atuação ocorre na indústria, analisa Max Mota Rodrigues, coordenador da agência FGTAS/Sine de Caxias. Não é para menos: apenas neste ano, o setor fechou mais de 3 mil vagas e, englobando os últimos cinco anos, já são quase 20 mil oportunidades a menos no segmento.
– Quando as pessoas vão buscar vagas no Sine, a gente já passa essa orientação: é a hora de se reinventar. Quase não há novas vagas na indústria, então é o momento de se qualificar e buscar outras possibilidades – reforça.
A mudança de área de atuação não ocorre apenas para trabalhadores com carteira assinada. Muita gente também vem abrindo novos negócios em ramos diferentes do segmento de formação, conta Rogério da Silva Rodrigues, gerente regional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae):
– Esse cenário de mudança de área normalmente mescla necessidade e oportunidade, dependendo do caso. O importante nessa troca é se capacitar ao máximo e buscar o maior número de informações possíveis do novo segmento – ressalta.
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Saindo da zona de conforto
Cresce número de pessoas que buscam trabalho fora de sua área de atuação
Por vocação ou necessidade, passou de 63% para 69% o número de trabalhadores que enviam currículo para vagas dentro e fora do seu ramo
Ana Demoliner
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