Desde setembro do ano passado, indústria metalmecânica de Caxias fechou mais de 8 mil empregos

A retração econômica que se instalou na indústria metalmecânica durante todo 2014 resultou em números alarmantes neste fechamento de ano. Conforme o balanço divulgado nesta quarta-feira pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), 5.065 postos de trabalho foram fechados de janeiro a dezembro na cidade. O presidente da entidade, Getulio Fonseca, destacou que se o período observado for maior, abrangendo desde setembro do ano passado, o número ultrapassa 8 mil empregos a menos.

As demissões são reflexos do baixo desempenho da indústria pesada neste ano motivado especialmente pelas dificuldades de financiamento encontradas no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ainda segundo o levantamento, o faturamento das empresas caiu 14,66% de janeiro a dezembro.

- Se não tivéssemos estratégias como a flexibilização da jornada de trabalho e as férias coletivas, estimamos que teríamos perdido 2,5 mil empregos a mais do que registramos - conta Odacir Conte, diretor-executivo da entidade.

O problema, alerta o executivo, é que a convenção da categoria prevê apenas seis meses de flexibilização da jornada de trabalho no período de um ano, o que já foi utilizado por boa parte das grandes empresas da cidade. Como as previsões para o início de 2015 não são melhores que as atuais, cerca de 1,5 mil novas demissões devem vir até abril.

- Gostaríamos de poder incluir na próxima convenção (a data-base é junho) a possibilidade de flexibilizar por mais tempo. Flexibilização não é perda de direito, pelo contrário, é segurança de não ser demitido - defende Conte.

Para Fonseca, a indústria metalmecânica deve começar a ter sinais de melhora no segundo semestre de 2015. Até lá, como conselho para os empresários, o executivo sinaliza que o momento é de enfrentar desafios.

- Não podemos esperar por ajuda agora, nem de governo, nem de ninguém. Temos que nos empenhar em fazer a diferença, senão vamos morrer em casa - lamentou.