Uma doença que provoca a morte de kiwizeiros uniu entidades em Farroupilha. Provocada pelo fungo Ceratocystis fimbriata, a enfermidade reduz a produção no município. Farroupilha é o maior produtor brasileira da fruta.
Embora os sintomas tenham sido relatados a partir de 2008, há produtores que percebem queda das folhas e murchamento dos frutos há 15 anos. Mas foi na safra 2012/2013 que a praga provocou o maior estrago. As perdas de produção variam de 15% a 60%. O produtor Claudino Contini acredita que tenha replantado mil pés de kiwi nos últimos 15 anos, em substituição àqueles que morreram na propriedade dele, na localidade de Linha Jacinto.
Para resolver o problema, produtores, prefeitura, Emater e entidades ligadas à agricultura procuraram a Empresa Brasileiro de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Uva e Vinho, de Bento Gonçalves.
- Procuramos a Embrapa, a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), a UFRGS e a UCS. O que nos preocupa é que os pés vão morrendo anualmente, aí o pessoal corta fora, replanta, e o produtor se desestimula, daqui a pouco vai plantar outra coisa. E, de uma forma ou outra, tem queda da produção, porque não é o pomar todo que está produzindo. Temos que combater essa doença, senão no futuro não vai ter kiwi no país - diz o secretário da Agricultura do município, Fernando Silvestrin.
Farroupilha é responsável por cerca de 40% do kiwi produzido no Brasil. A cultura foi introduzida no município em 1989, como uma alternativa à uva, que enfrentava uma crise.
Como a Embrapa Uva e Vinho nunca havia trabalhado com a doença, foi iniciado um levantamento em 2013. Em visitas a cinco propriedades, os pesquisadores coletaram plantas. Análises em laboratórios confirmaram o fungo que provoca a morte dos kiwizeiros. Em 2014, o levantamento terá sequência em mais 15 propriedades, e produtores serão entrevistados para se saber quais práticas estão adotando. A partir disso, será elaborado um projeto de pesquisa multi-institucional que tentará solucionar também os principais gargalos do cultivo.
Na safra passada, a produção do município sofreu uma queda de 55%. Das 1.800 toneladas previstas, foram obtidas 800 toneladas. No entanto, o agrônomo do escritório municipal da Emater, Alfredo Gallina, não credita à praga a principal causa da quebra.
- A mortandade de planta pode ter contribuído com alguma coisa. Mas a quebra de produção do ano passado foi devido ao fato de grande parte das brotações não ter emitido os botões florais. As plantão não brotaram, não emitiram muitas flores e deu uma quebra. Foi principalmente por um fator de fisiologia da planta - explica. Segundo Gallina, as plantas não emitiram muitas flores em razão da estiagem do período anterior, 2011/2012.
Para 2014, há uma estimativa de quebra de 20% a 25%. Os motivos seriam os mesmos da safra anterior.
- A doença também influencia, mas não é a causa principal dessa baixa de 20% de produção. Agora, se não se fizer nada, logicamente que um ano após outro as perdas vão projeção geométrica.
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