Nesta época do ano, pequenos estabelecimentos que comercializam chocolates surgem e desaparecem em Caxias do Sul. São as feiras de Páscoa, salas alugadas com a única finalidade de vender determinadas marcas por um tempo em média de 30 dias. Elas estão presentes tanto no Centro como nos bairros e ficam abertas até a manhã do domingo de Páscoa.
Até o sábado, o movimento não era grande nesses espaços. É nesta semana que o estoque se vai. Por que então não abrir somente nos últimos momentos? Porque a antecedência torna o ponto conhecido, já que ele não é fixo. O endereço desses lugares muda a cada ano, conforme a disponibilidade de salas para locar.
- Em tempo de Páscoa, a gente para o que faz - disse o vendedor de chocolate da Florybal nesta época, e de vestuário, no restante do ano, Cassiano Scariott, 30 anos.
Ele está com uma feira em um prédio alugado na Rua Jacob Luchesi, no bairro Santa Catarina há 40 dias. Mas há 90 que lida com os preparativos. A família dele tem pontos na BR-116, nas avenidas Bom Pastor e Rio Branco e na Rua Moreira César. Há sete anos que estão no ramo. A mãe, porém, começou antes. Dezoito anos atrás, ela divulgava os produtos de porta em porta.
Dos sete pontos que possuem, um só é fixo e próprio, fechado logo após. Os demais, são todos locados. Os endereços preferidos: onde tem estacionamento para carros ou parada de ônibus por perto.
- É difícil encontrar os mesmos locais dos anos anteriores. Vamos nas imobiliárias ver o que tem, olhamos se existe movimentação e até pagamos o aluguel antecipado para garantir _ contou Scariott.
O aluguel varia de R$ 5 mil a R$ 15 mil. Como compensa pagar isso por causa do volume de venda, o jeito é abraçar o valor. Nesses 40 dias, os 20 primeiros foram só para marcar o ponto, já que quase não tinha ainda consumidor pensando na Páscoa.
- Mas na última semana o pessoal se atropela, é vendido tudo. É difícil sobrar -0 ressaltou o comerciante, que vai trabalhar até as 13h de domingo.
Quando termina a Páscoa, João Melo, 48, volta a ser vendedor de produtos de informática. Na quaresma, ele tem uma rotina semelhante a de Cassiano Scariott. Com um feirão na Avenida Júlio de Castilhos, no Centro, numa antiga loja de calçados, Melo implantou o ponto com antecedência para divulgar que ali tem os caseiros de Gramado da Florybal, direto de fábrica. Para angariar clientes, se fantasiou de coelho na porta e distribuiu panfletos.
- Abri faz 30 dias. A gente sempre abre antes para o pessoal ficar sabendo - explicou.
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