De outubro do ano passado até abril deste ano, a fotógrafa caxiense Angela Pimentel morou em Cabo Verde, antiga colônia portuguesa de pouco mais de 500 habitantes no continente africano. Formado por 10 ilhas, o arquipélago vulcânico tem aproximações com a cultura brasileira, especialmente um certo jeito descontraído de ser, que se reflete também no gosto pelo Carnaval.
Em Terra Sabi, exposição que inaugura hoje à noite na Galeria de Artes do Centro de Cultura Ordovás, Angela nos convida a conhecer um pouco das paisagens, dos costumes e das pessoas que habitam três ilhas cabo-verdianas: Santiago (onde ela residiu), São Vicente e Santo Antão.
Parte da programação do Aldeia Sesc, que traz a brasilidade como tema em sua 10ª edição, a coletânea de 30 fotografias nos conduz a um Brasil fora daqui. A fotógrafa conta que a ilha de São Vicente, por exemplo, chega a ter o apelido de Brasileirinho, devido ao gosto que seu povo tem pela nossa cultura.
– Cabo Verde tem uma relação forte com o Brasil, de admiração pela nossa cultura. Nossas telenovelas e programas de TV são bastante assistidos, e estão sempre bem ligados ao que acontece aqui. Na Ilha de São Vicente, que é conhecida por ser a mais festiva, o desfile de Carnaval é um traço cultural muito forte. Algumas fotografias retratam a cultura da Mandinga, em que alguns habitantes se pintam de preto e se vestem como feiticeiros num período antes do Carnaval. É uma espécie de chamamento para essa festa – conta.
Ao longo dos seis meses em que viveu em Cabo Verde, Angela reparou num certo contraste as paisagens e os tipos humanos que caracterizam o país, e trouxe essa percepção para a exposição:
–Fiz um recorte que mescla a dureza e a doçura. A dureza aparece no sentido de rocha, que é uma formação muito presente lá, bem como a seca ,que é uma das maiores dificuldades que eles enfrentam, e a doçura é sobre a forma de viver muito calma das pessoas. Eles têm um ritmo de vida muito diferente. Ninguém caminha com pressa, não tem buzina no trânsito, ninguém reclama de fila no mercado. Acho que isso se traduz nas expressões faciais destas pessoas que fotografei.
A exposição pode ser conferida até o dia 10 dezembro. Além da visita guiada, a partir das 18h30min desta quinta, Angela Pimentel irá ministrar, na sexta-feira, a oficina “Diário de Viagem”. Será uma troca de experiências e saberes de vida e de profissão, a partir das 19h, também na Galeria de Artes.