
A quarentena em função do coronavírus fechou teatros, salas de cinema, galerias de arte, livrarias e casas de shows, deixando em alerta os mais de 130 mil trabalhadores que vivem da economia criativa no Rio Grande do Sul. Diante da impossibilidade de sair de casa, como o público pode contribuir para a valorização dos artistas da sua cidade?
Foi esse questionamento que levou os músicos caxienses Gabriel Lopes e Carlos Balbinot a lançarem a campanha #queromusicalocal, que já mobiliza mais de 100 artistas, inclusive de outras regiões do Brasil. O objetivo é simples: incentivar que músicos independentes sejam mais tocados nas rádios e nas plataformas de streaming para, consequentemente, aumentarem seus ganhos com direitos autorais.
A ideia é que o público entre no clima, pedindo músicas em emissoras locais ou criando playlists para compartilhar com os amigos nas redes. A campanha também pede que as rádios abram mais espaço em suas programações para os músicos independentes.
— Toquei em bar por muitos anos e sei o quanto os shows são necessários para compor a renda mensal. Nesse período de quarentena, muitos músicos vão ficar prejudicados. O valor ganho com direitos autorais pode não ser muito, mas cada centavo ajuda. O artista é um profissional que paga impostos e consome. Ou seja, investir no artista é incentivar a economia da própria cidade — explica Lopes.

Outra iniciativa que chegou à Serra recentemente foi a campanha internacional YouFollowMeFollowYou, traduzida por aqui como SigaMeQueEuTeSigo. A ideia é incentivar que as pessoas não apenas consumam o conteúdo dos artistas independentes, mas que também se inscrevam em seus canais no YouTube para viabilizar a monetização da plataforma.
Em Caxias do Sul, o músico Cardo Peixoto já sentiu os primeiros resultados do esforço coletivo:
— O meu canal (no YouTube) tinha 87 inscritos e agora já está chegando aos 500. A campanha está dando frutos: muitos artistas passaram a conhecer o trabalho do outro, ampliando as redes de relações. Vejo que não só outros artistas passaram a acompanhar o meu trabalho, mas o público deles também acabou me conhecendo.
Na mesma linha de pensamento, a presidente do Conselho Municipal de Política Cultural de Caxias do Sul, Aline Zilli, defende que as campanhas de valorização continuem após a quarentena. A atriz, que há 15 anos mantém o Grupo Ueba Produtos Notáveis ao lado do companheiro Jonas Piccoli, ressalta que o engajamento nas lutas da classe artística é uma das melhores maneiras de ajudar.
— Palavras de apoio são importantes, seja através de comentários nas redes sociais ou indicando para os amigos. Muitas pessoas acham que artista não trabalha, que vive de mamata, mas enquanto torcemos para que os cientistas descubram uma vacina contra o vírus, a arte está ajudando a ficarmos emocionalmente saudáveis — resume Aline.
Como apoiar artistas locais:
:: Conheça os artistas da sua cidade.
:: Compre livros, CDs de música, peças de artesanato ou quadros de artistas locais.
:: Curta a página de artistas independentes nas redes sociais.
:: Indique os trabalhos que você gosta para seus amigos.