Uma das primeiras vezes que o grande público teve acesso à versão animada dos personagens de gibi da Turma da Mônica ocorreu numa propaganda de televisão — quem aí lembra da turminha interagindo com o Elefante da Cica?. Pois é, a publicidade foi uma das grandes propulsoras da produção de animação no Brasil. O roteirista e cineasta Lisandro Santos conhece bem esse território. À frente da Cartunaria Desenhos durante 15 anos, ele já assinou muita produção sob encomenda, até firmar-se na área autoral. É justamente sobre as diferenças entre esses dois setores que Santos vem conversar em Caxias hoje, durante a programação do Dia Internacional da Animação, no UCS Cinema.
— A ideia é falar sobre animação comercial e animação autoral e sobre as principais diferenças entre essas duas vertentes de trabalho. A animação no Brasil se desenvolveu muito através da publicidade, mas, de uns 10 anos para cá, cresceu bastante também a produção autoral, no que se refere mais a séries de tevê e animações de longas. E até de curta-metragem, que daí se tem uma tradição maior no Brasil, já que se produz há mais tempo — diz ele, diretor da série de animação X-Coração, além de vários curtas, clipes e participações em longas.
A palestra de Lisandro abre as atrações do Dia Internacional da Animação em Caxias. A programação, que ocorre em várias cidades do Brasil simultaneamente, por aqui ocupará o espaço do UCS Cinema. Será a terceira vez que a universidade apoia a iniciativa na cidade.
— Vale lembrar que a própria UCS forma profissionais para a área da animação com cursos como o tecnólogo em jogos digitais e o bacharelado em criação digital. Além disso, Caxias tem vários outros cursos em áreas como o cinema e a fotografia — festeja Maurício Sabbi, que organiza a programação local do Dia Internacional da Animação ao lado de Marcelo Fardo.
Sabbi já perdeu a conta de quantas edições do Dia Internacional da Animação já organizou em Caxias — lembra somente que foram mais de 15 — e acredita na importância da mostra como propulsora na formação de público para a animação, principalmente no que diz respeito às produções brasileiras. O próprio Sabbi também deve mostrar durante a programação de hoje seu curta animado mais recente, O Lápis e A Borracha.
— Quando a animação é internacional lota o cinema, mas o mesmo não acontece com as produções brasileiras. E os filmes feitos aqui refletem questões que fazem parte da nossa vida, da nossa cultura — diz Sabbi, lembrando que o Dia Internacional da Animação ocorre na mesma semana da estreia nacional do longa gaúcho de animação A Cidade dos Piratas, dirigido por Otto Guerra e inspirado na obra da cartunista Laerte.
:: Programação: Na Serra, as únicas cidades que recebem a programação do Dia Internacional da Animação são Caxias e São Francisco de Paula. No UCS Cinema, a programação começa às 18h, com palestra de Lisandro Santos e segue com as mostras infantil, brasileira e internacional, respectivamente às 19h, 20h e 21h. Já em São Chico, as sessões ocorrem a partir das 19h desta segunda, no CTG Rodeio Serrano. Em ambas cidades, a entrada é franca. Confira ao lado o nome dos filmes que integram a mostra deste ano.
MOSTRA INFANTIL:
:: Mytikah - O livro dos heróis (EP Dandara e Zumbi dos Palmares), de Hygor Amorim e Jonas Brandão.
:: Bola e Triângulo, do Núcleo de Animação da Casa Amarela.
:: Lembramos de Cor, de Ester Harumi Kawai.
:: Min e as mãozinhas, de Paulo Henrique Rodrigues.
:: Trip & Treasure, do Estúdio Escola de Animação.
:: Tobias Tatu, de Júnia Consani.
:: Os Pássaros, de Clara Braem, Duda Cellos, Tatiana Hagen.
:: A Truta Púrpura, de Helena Belice, Murilo Prudêncio, Pedro Solano.
:: Pelas Barbas do Noel, de Fernando Ferreira Garróz.
:: A Folia de um Bloco Infantil, do Núcleo de Artes Digitais e Animação PUC-Rio.
:: Contos Incontados: Cinderela, de Fernando Ferreira Garróz.
:: Vivi Lobo e o Quarto Mágico, de Isabelle Santos e Edu MZ Camargo.
:: Piadinhas Bobas, do Curso de Animação Animator.
MOSTRA NACIONAL:
:: Boi Aruá, de Chico Liberato.
:: Almofada de Penas, de Joseph Specker Nys.
:: Linha, de Francisco Lira.
:: Yari, de Breno Rohr.
:: Poética de Barro, de Giuliana Danza.
:: Contos Incontados: Cinderela, de Fernando Ferreira Garróz.
:: Vai ver, de Diego Souza.
:: Sangro, de Tiago Minamisawa, Bruno H Castro e Guto BR.
:: Apneia, de Carol Sakura & Walkir Fernandes.
MOSTRA INTERNACIONAL:
:: Invasion Verde, de Gonzalo Rimoldi (Argentina).
:: The boy who wanted to be a lion, de Alois Di Leo (Reino Unido).
:: Ahi viene el avioncito, de Nicolás G. Sole a.k.a. PIGRO (Argentina).
:: Funeral, de Alejandro Bonilla Rojas (Costa Rica).
:: Padre, de Santiago 'Bou' Grasso (Argentina).
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