E se Chapeuzinho Vermelho fosse uma adolescente de cabelos arrepiados que só levava doces diet para a vovozinha? E se a bruxa de João e Maria não fosse tão malvada assim? E se a Branca de Neve dependesse de muita maquiagem para ficar mais bonita que a madrasta? E se o príncipe encantado só despertou a Bela Adormecida porque seu ronco era insuportável?
Parece estranho, não é? Mas é assim, com roupagem contemporânea e desfechos pra lá de criativos, que o vovô Guilherme conta as histórias para seus netinhos em O Baú dos Contos de Fadas, sexto lançamento da escritora Maristela Scheuer Deves, com sessão de autógrafos neste sábado (24), na Do Arco da Velha Livraria & Café.
Na trama, a curiosa Leninha — uma das netas de Guilherme — pensa já estar crescida demais para acreditar em bruxas, princesas ou florestas encantadas. Mesmo assim, sonha um dia ser escritora, e resolve questionar o avô de onde vem tanta criatividade para aquelas histórias. O segredo é revelado: ele é descendentes dos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, responsáveis por escrever grande parte das fábulas infantis que conhecemos.
E tem mais: o vovô guarda um baú mágico que dá acesso ao mundo dos contos de fadas, da mesma forma que o guarda-roupa criado pelo irlandês C. S. Lewis (1898-1963) se transformava num portal para o Reino de Nárnia. Basta abrir o baú e descer uma escadaria para ficar lado a lado com figuras como o Lobo Mau e os Sete Anões.
— Eu também tinha um avô chamado Guilherme que, assim como o do livro, gostava muito de contar histórias, embaixo de um cinamomo, enquanto comia melancia. Não eram contos de fadas, mas causos que ele contava com pitadas de humor — relembra Maristela, ao ser indagada sobre a inspiração para o livro.
Pensado para crianças de 10 a 12 anos, O Baú dos Contos de Fadas oferece narrativa fluída, boa dose de diálogos e ilustrações assinadas por Ernani Carraro – estratégia para atrair um público que já consegue ler textos mais extensos, mas ainda mantém uma conexão com o universo da fantasia. Outro mérito da obra é trazer um tempero contemporâneo a histórias tão presentes no imaginário popular.
— Eu acho que esse é o papel da literatura hoje em dia: valorizar os clássicos. Quem escreve, sempre estará influenciado por alguém, mesmo que inconscientemente. É impossível contar uma história totalmente nova, o importante é reinventar a maneira que contamos — defende a escritora.
Ao revisitar contos de fadas com inventividade, Maristela presenteia seus pequenos leitores com uma aventura repleta de descobertas — deixando, inclusive, um gostinho de quero mais, uma provocação para que as novas gerações descubram a origem de histórias tão conhecidas. Afinal, se releituras como João e Maria: Caçadores de Bruxas (2013) e Malévola (2014) fazem sucesso nos cinemas, hoje em dia, é porque, lá no século 19, os irmãos Grimm estavam de penas a postos escrevendo “era uma vez”.
PROGRAME-SE
:: O que: lançamento do livro O Baú dos Contos de Fadas, de Maristela Scheuer Deves.
:: Quando: neste sábado (24), às 10h.
:: Onde: Do Arco da Velha Livraria & Café (Rua Dr. Montaury, 1570).
:: Quanto: livro à venda por R$ 35.
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