“Venham presenciar o estranho, o notável, o que não tem explicação”. Assim começa o Circo dos Horrores e Maravilhas, montagem satírica da cooperativa de artistas Oigalê, de Porto Alegre, que chega a Bento Gonçalves e Caxias do Sul. A peça traz as atrizes Roberta Darkiewicz e Vera Parenza interpretando diversos personagens de um “circo de aberrações”, que apresenta como atrações personagens como a mulher barbada e as irmãs siamesas. Trata-se de um texto que aborda a questão do preconceito ao diferente, mas que, com humor sutil e refinado, traz uma mensagem de otimismo e empoderamento.
Com direção de Cláudia Sachs e Vera Parenza, a peça traz uma novidade que dialoga com o seu próprio argumento voltado para a inclusão. É apresentada com acessibilidade para deficientes auditivos e visuais, mas de forma nada convencional. Ao invés de ter um tradutor de libras, por exemplo, as próprias atrizes fazem o gestual. A audiodescrição de Ilson Fonseca, por sua vez, não fica restrita aos fones de ouvido, mas é aberta a todo o público, que em certos momentos é convidado a fechar os olhos.
– Normalmente, quando um espetáculo traz um tradutor de libras, a pessoa acompanha a tradução e perde a imagem. Nossa ideia foi oferecer a experiência mais completa possível, a partir da sugestão de um membro da nossa companhia, que é surdo. Fizemos uma linguagem gestual inspirada na língua de libras, porém mais simplificada. A audiodescrição, por sua vez, quer oferecer uma experiência inclusiva menos fria do que a habitual, propondo uma grande brincadeira. É uma versão adaptada da peça original, mas que ficou muito interessante e que nos deu um retorno incrível e emocionante – comenta Vera Parenza, que assina o texto em parceria com Fernando Kike Barbosa.
Segundo Vera, a inspiração para o espetáculo foi levar para a rua o diferente e a mulher, não só com atrizes, mas com figuras femininas. As personagens, que remetem aos freak shows norte-americanos do fim do século 19 e começo do século 20, espécie de circos itinerantes que apresentavam anomalias humanas como atrações, surgiram durante a pesquisa.
– Começamos com a pesquisa das irmãs siamesas, em que todas as referências levaram ao circo dos horrores. Nisso, encontramos um mundo de histórias que trouxemos para a peça e que, infelizmente, são todas reais. Mas nós passamos por cima disso e colocamos os personagens tendo orgulho da sua diferença. A ideia passada no final é que o mundo todo é um circo e que todos somos perfeitos à nossa maneira – explica a autora.
O espetáculo tem financiamento do Governo do Estado do Rio Grande do Sul e Secretaria de Estado da Cultura, através do Pró-cultura RS FAC.
Agende-se
O quê: Espetáculo “Circo de Horrores e Maravilhas”, do Grupo Oigalê
Quando: domingo, às 16h (Bento) e segunda, às 10h (Caxias)
Onde: Rua Presidente Costa e Silva, em frente à Rua Coberta (Bento) e Praça Dante Alighieri (Caxias)
Quanto: entrada gratuita