A proximidade do Rio Grande do Sul com a Argentina e o Uruguai aproximaram a cultura do povo daqui com a cultura platina. Acordeons, mates, milongas e alpargatas estão no horizonte de quem vive por estas ou aquelas pampas. Em Caxias, espaços como o La Cueva Gastronomia Y Arte celebram essas vertentes oferecendo espetáculos que vão de encontro a mescla de referências que constrói nossa identidade. Mas o Rio Grande do Sul está longe de ser bolha (ainda bem) e, por aqui, há também muita valorização às raízes artísticas genuinamente brasileiras. Uma delas é o chorinho, gênero nascido no Rio de Janeiro no século 19 e que ganha, a partir desta quinta (9), encontros semanais em Caxias. Justamente no espaço do La Cueva.
O projeto pretende ser permanente, ou seja, daqui para frente, todas as quintas-feiras reservarão a oportunidade de conferir uma roda de choro bem de perto. E, quem sabe, até mesmo participar dela.
– É diferente de um show, a distinção de público e artista não é tão clara. Os músicos não se alinham em fila, estão numa roda, o que prevê uma autonomia muito grande para todos participarem dos arranjos e dos repertórios. Além disso, todo músico presente também é convidado a tocar – comenta Ezequiel Duarte, dedicado ao estudo do violão sete cordas, um dos instrumentos que simboliza o chorinho.
Duarte integra o grupo Clube do Choro da Serra Gaúcha, que comandará os encontros de quinta no La Cueva. Oficialmente, a formação conta ainda com João Seben no bandolim e com Felipe de Moraes no cavaquinho, mas a ideia é de trazer muitos outros convidados para Caxias. Com uma programação semanal e contínua, a Quinta do Choro quer retomar uma tradição do choro que já foi alimentada por aqui com músicos de outras gerações, como os grupos Seresteiros do Luar (ainda na ativa, porém hoje mais dedicado ao samba-canção) e o extinto Conjunto Verde e Amarelo.
– O Clube do Choro começou em 2015, também com a tentativa de um resgate para conversar com o pessoal das gerações anteriores – diz Duarte, que integra ainda o grupo caxiense Choros de Balcão.
No repertório do Clube do Choro há clássicos de artistas que são ícones do gênero – como Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga –, mas há também composições autorais. Apesar de o choro ser predominantemente instrumental, Duarte não descarta que algumas canções com letra surjam em meio às apresentações, tudo na tentativa de aproximar o público cada vez mais dessa sonoridade.
– O choro é aquela coisa do Brasil que está muito inconsciente no ouvido de todo mundo – festeja Duarte.
Programe-se:
:: O quê: Quinta do Choro, com apresentação do Clube do Choro da Serra Gaúcha.
:: Onde: La Cueva Gastronomia y Arte (Rua Cremona, 189, bairro São Pelegrino, em Caxias).
:: Quando: todas as quintas, a partir desta semana, sempre às 21h.
:: Quanto: entrada franca.
:: Informações e reservas: (54) 9 9975-3393.