Há alguns dias acordo em uma cidade gris. Não é Caxias, mas me põe num humor familiar, talvez pela garoa. Porque de resto, difere muito de casa. Aqui, nesta época do ano, a luz é a mesma desde as sete da manhã até as seis da tarde, o que me desorienta um pouco. Volta e meia há um cheiro forte de mar, que vem do nada e para o nada se dissipa. Se ando por uma rua vazia e de repente viro à esquerda, posso encontrar um engarrafamento terrível ou uma huaca, uma enorme pirâmide, talvez uma fonte ou uma escultura. Estou em uma cidade espalhada, imensa, cheia de gente, uma cidade viva.
Aqui, sobre um parque da cidade, uma estrutura gigantesca foi montada para a 23ª Feira Internacional do Livro de Lima, evento do qual participo.
Durante os dias da feira há cinco ou seis mesas de debates concomitantes, quatro ou cinco vezes por dia, diversos estantes, editoras, atividades para adultos, crianças, adolescentes, há leituras espontâneas e saraus e muita gente circulando, conversando, comendo e bebendo, lendo e compartilhando leituras. As filas para entrar no parque são realmente grandes. As mesas de debate das quais participei, estavam sempre cheias e creio que as outras, que não pude ver, também. Felicidade de estar numa festa do livro e da literatura assim tão prestigiada.
Em dois meses, teremos a nossa feira do livro, cujo trabalho de montagem e curadoria sei que começou há tempos, desde o ano passado, creio, e cujo tamanho sei que nem de perto se compara a de Lima ou a de Porto Alegre (que não se comparam a de Bogotá ou a de Guadalajara). No ano passado, neste período, estive em um lugar ensolarado, a FLIP, que acontece em Paraty, outra feira grande e intensa da nossa literatura.
Mas queria perguntar aqui: o que esperam vocês de uma feira do livro?
Eu espero escutar e aprender com quem está produzindo literatura, espero saber um pouco dos livros novos e dos projetos de escritores, escritoras, contadores de história, editoras, livreiros e livreiras, professores, leitores. Espero conversar e trocar palavras de afeto. Espero falar de política e de como a literatura sempre nos mostra de alguma maneira peculiar como podemos entender melhor o mundo.
Falta ainda, eu sei, mas já deixo aqui este questionamento e assim espero que já possam ir pensando sobre a feira do livro, participando mais de antemão talvez. Imaginando como serão esses dias. Vamos fazer da feira, este ano, um lugar de bonitos encontros. Quero que a feira da nossa cidade seja também uma grande festa.
Felicidades à patrona Rejane Romani Rech e à amiga do livro Magda Torresini!