Este ano eu fui para os Estados Unidos pela primeira vez. Fui participar de eventos de literatura em diversas universidades pelo país. Eu sempre tive uma indisposição quanto aos EUA. Mas como foi um convite e como o nosso país não é exatamente um modelo de pensamento social, resolvi ir.
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É claro que eu não poderia deixar de passar em Nova York. Lá fui recebida por uma amiga escritora, que me disse logo de cara: "tu tem que ir no Cubbyhole! É um bar lésbico, gay, hétero friendly, que tu vai adorar." Eu fui. Fui sozinha, porque não conseguimos combinar. Cheguei lá e fiquei andando de um lado para o outro, meio na dúvida. Aí, para fazer uma conversa fiada, menti para o segurança que minha amiga não viria. Ele me disse que eu deveria entrar mesmo assim. Nisso, uma guria americana me olhou e disse: estou com minha esposa e dois turistas ingleses, quer ficar com a gente e tomar algo? O segurança, sorrindo me disse: não vai se arrepender. De fato. O lugar era pequeno e aconchegante, a conversa foi muito divertida e as pessoas foram bem acolhedoras. Alguns drinks depois e todos decidimos ir ao Stonewall Inn.
O Stonewall Inn está localizado onde o movimento de luta contra a opressão e em favor dos direitos LGBTQ+ estourou, lá na década de 1960. Eu fui. E foi bem emocionante. Dançamos, cantamos, nos despedimos e eu desejei muito que a Dani, minha esposa, amiga, companheira de vida estivesse lá comigo para celebrar. Vai ficar para quando voltarmos juntas. Depois peguei um táxi e voltei para o meu albergue, no Harlem.
Hoje, acordei pensando que este é o mês da visibilidade LGBT+, e que L é para lésbica, G é para gay, B é para bissexuais, T é para transexuais e travestis e o + inclui ainda uma gama de denominações que passam por queer, assexuais, pansexuais, não-heterossexuais, questionadores de sua sexualidade. É maravilhoso que as pessoas continuem pensando em novas formas que deem conta, mesmo que temporariamente, de suas sexualidades. É necessário. É empoderador que as pessoas estejam rompendo (há muito tempo já) com a preguiça binária da heteronormatividade. Rompendo e recriando modos de existir e resistir neste mundo, que pode ser tão hostil. É extremamente instigante e muito saudável que as pessoas estejam questionando essa ideologia de gênero, que fomos forçados a engolir e que diz que mulher tem que ser assim e homem tem que ser assado. Sem vice-versa! Porque pensar dentro dessas duas caixinhas é muito chato, além de nocivo. Acho que nós, LGBTQ+ pensamos, teorizamos, discutimos muito a opressão e seus caminhos, assim como a liberdade e seus caminhos. Simplesmente porque é a nossa integridade que está em jogo. Pensar livremente leva a revoluções. Portanto, sigamos.
Junho é o mês da visibilidade LGBTQ+, porque muitas lutas começaram neste mês. Muitas lutas ainda são travadas diariamente. Continuemos lutando e celebrando nossas vidas. Isso é um ato político, que ajuda o mundo a ser um lugar melhor. Não estamos só.
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