Salas de aula equipadas, corredores limpos, uma mesa de ping pong no meio do corredor e tabuleiro de xadrez, ambos sendo usados, alunos e alunas autônomos, educados e afetuosos, professores-pesquisadores interessados e dispostos a trocar experiências, projetos de pesquisa, revistas, poderia continuar. Este foi o cenário. Na quinta-feira, 17 de agosto, eu estive no campus de Caxias do Sul do Instituto Federal Rio Grande do Sul, para conversar com os e as estudantes do turno da manhã e da tarde sobre literatura, escrita, sobre livros, sobre os meus livros e sobre outras coisas da vida. Foi um encontro muito agradável e instigante para mim.
O IFRS oferece diversas opções de cursos técnicos de nível médio, de graduação, especializações, além de mestrados profissionais. Uma formação técnica que, pelo convite que recebi e a preocupação da professora, tenta respeitar e incentivar a arte e o pensamento crítico. Ambiente acolhedor ao ensino e a aprendizagem. Claro, tudo gratuito. Fiquei muito feliz em poder estar ali novamente (não é a primeira vez que visito a instituição).
Essa parte do trabalho de escritora para mim é gratificante demais, porque é um momento em que partilhamos algumas coisas para além do que está no papel. E tanto melhor quando as pessoas se mostram interessadas, dispostas ao diálogo e ao exercício.
Durante o bate-papo falamos sobre a feira do livro, sobre arte, sobre as implicações da arte no nosso modo de ver a vida, na nossa saúde física e mental, sobre ócio, sobre vagabundagem até, sobre o ofício da escrita, sobre como é importante reconhecer o trabalho do artista, do escritor, porque trabalhamos com o desejo, então reconhecemos outras importâncias, porque esse desejo se concretiza também nas coisas que são técnicas. Uma coisa não pode existir sem a outra. Falamos também sobre representatividade. E sobre política. Foi um dia muito proveitoso.
Eles disseram que a oficina de escrita foi uma surpresa: "não imaginávamos que poderia ser assim". Não sei bem o que esperavam, mas pelo engajamento e pelas produções, creio que puderam aproveitar um tanto. Reparei que há alguns escritores interessados por ali, outros em potencial, e, sem dúvida, há muitos leitores. O que me deixa muito feliz. Ler e escrever são exercícios de vida, pra vida. São exercícios de alteridade.
Agradeço o convite da professora Manuela Poletti, a recepção calorosa dos professores e equipe do IFRS e a participação empolgada dos alunos e das alunas. Valeu, gente, espero que isso reverbere boas palavras.
Ah, e um lembrete sobre o motivo deste texto: valorizar a educação pública de qualidade sempre. Dar atenção à educação pública de qualidade sempre. Saber que ainda há educação pública de qualidade e que deve continuar existindo sempre.