Hoje eu quero falar de mim. Quero contar como Caxias me deu oportunidade de estar escrevendo esta crônica desde terras hermanas, Buenos Aires, assim como já pude escrever de tantos endereços. Foi assim:
Em 2011, acho, eu descobri o que era o Financiarte. Descobri que a maioria dos artistas, conhecidos e desconhecidos, nacionais e internacionais, conta com apoio dos lugares onde vivem para contribuir culturalmente para sua cidade, estado ou país. Então, dois anos depois, em 2012, eu tinha um livro pronto e o enviei junto a um projeto, propondo contrapartidas, para o Financiarte. O projeto foi aprovado e, além da publicação, pude dar oficinas de escrita e promover debates sobre literatura na cidade gratuitamente. Depois, fiz o mesmo com meu terceiro livro, Amora. E com este veio o reconhecimento nacional, ganhei o prêmio Jabuti. E minha vida mudou.
Por causa do Financiarte. E eu sei que ele muda muitas vidas, direta e indiretamente. Porque hoje, se trabalho com literatura, se trabalho com pessoas e com o desejo de escrever, de conversar sobre essa pequeníssima revolução que é a escrita, muito se deve àquele um por cento que a cidade investe nos seus artistas. Se hoje, participo da feira do livro, se aceito proposta, como outros escritores, para trabalhar com literatura em instituições públicas, escolas, hospitais, presídios, centros de atenção, é porque quero, aliás queremos uma cidade mais saudável, física e mentalmente.
Quem diz que artista bom se sustenta sozinho, claramente não conhece nada sobre o mercado, seja o editorial, o da música, ou sobre o audiovisual, a dança. É preciso sempre buscar parcerias. A maioria das leis de incentivo e fundos são por isenção de impostos, isso em qualquer âmbito, não apenas para a cultura, mas para esporte também, por exemplo. E isso é maravilhoso, porque você vê para onde seu dinheiro está indo de fato.
Bem, já falei um pouco disso em outra crônica, mas se hoje estou aqui, porque o Amora está sendo lançado aqui, e se estou participando de uma série de palestras, eventos e trocas culturais, é porque lá no começo de tudo, Caxias me apoiou. E o mínimo que posso fazer é levar o nome da cidade comigo, falando de sua produção artística e de como nós artistas, produtores e secretaria nos unimos e para produzir, fomentar e discutir cultura e arte na nossa cidade e fora dela. E como criamos público e como isso implica diretamente na saúde da nossa cidade, na nossa saúde e, principalmente no nosso desejo de criar um mundo mais múltiplo, menos violento, e com mais vontade de se abrir para diálogos honestos. Estou e sempre serei grata àcidade. Que seja mútuo nosso respeito e gratidão.